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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Gladiador 2

Empolgante e bagunçado, continuação é outro épico em grande escala querendo apenas um objetivo: diversão

Foto: Divulgação


Anos após testemunhar a morte do herói Maximus (Russell Crowe) pelas mãos de seu tio (Joaquin Phoenix), Lucius (Paul Mescal) enfrenta um novo desafio: forçado a entrar no Coliseu, ele deve lutar pela sobrevivência e pela honra de Roma. Depois de ter sua casa tomada pelos imperadores tirânicos que governam Roma com punho de ferro, Lucius precisa reencontrar a força e a coragem que o inspiraram na juventude. Admirador da jornada de Maximus, Lucius busca seguir seus passos para restaurar a glória perdida de Roma. Gladiador 2 é uma sequência direta do aclamado filme dirigido por Ridley Scott. Agora, Lucius luta não apenas pela sua vida, mas pelo futuro do império. Com o coração cheio de raiva e o destino de Roma em jogo, ele revisita seu passado em busca da força necessária para devolver ao povo a honra que um dia foi perdida.


Em sua primeira metade, Gladiador 2 segue os exatos mesmos passos do seu antecessor. Estruturalmente, a narrativa prefere usar os símbolos, marcações e elementos que caracterizaram a produção de 2000, o protagonista solitário, a figura imperial descompensada, os amigos sábios e a busca por vingança que acaba por ganhar mais propósitos. Mas cedo também o inquieto cineasta Ridley Scott prova que – beirando os 90 anos – não se acomoda com repetições e zonas de conforto, ele ousa (às vezes até demais, é verdade) e tenta ao máximo entregar um filme que não está absolutamente nem aí para fatos e precisões históricas, contanto que o resultado empolgue no efeito imediato.


Sim, a ação conta com tubarões no Coliseu, batalhas com macacos e com rinoceronte. Tudo em relação ao viés frenético do enredo é elevado a um exagero criativo que ainda assim não destoa do anseio de Scott em surpreender. Mas é na falta de equilíbrio entre alguns efeitos digitais, nas abordagens do humor e do drama no texto, e na constante mistura de filtros que o longa se fragmenta e perde a sensação de constância necessária para os primeiros momentos de embasamento.

Foto: Divulgação


Após a primeira (de várias) cena numa arena de batalha eu tive minhas dúvidas de que a aventura teria fôlego para chegar ao final de suas mais de duas horas de duração, mas surpreendentemente é no seu desfecho que o filme parece se encontrar, acerta os esquadros e tudo converge para o mesmo compasso, mais sóbrio, mas não menos extravagante, até os minutos finais.


Paul Mescal apresenta bem mais item do seu leque de versatilidade com uma atuação concisa e comedida, o básico para o papel, e um trabalho de corpo bem construído, algo que não o via fazer desde o musical Carmen (2022). Entre os coadjuvantes destaque para Joseph Quinn e Fred Hechinger que entendem com precisão o que Scott estava buscando neste segundo filme. Mas quem manda e desmanda até mesmo nas cenas em que não se faz presente é Denzel Washington. Com um personagem inescrupuloso e cheio de maneirismos, o veterano ator parece brincar com o que tem em mãos e cria um papel que destoa da maioria de sua vasta filmografia e, junto com o desenvolvimento do roteiro, faz com que o filme gire ao seu entorno.


Gladiador 2 tem claramente uma proposta diferente do primeiro. Aqui, por mais que exista a trama política motivando os acontecimentos, e mesmo tendo alguns entendimentos espertos, ela é engolida pelos vibrantes dinamismos das sequências de ação. O premiado filme anterior seguia uma cartilha de gênero que ajudou a cunhar no período, influenciando toda uma geração seguinte, ele também era contido nas limitações de uma austeridade dramática; enquanto o segundo aparenta gritar “are you not entertained?” para a audiência e se curte despretensiosamente.


Nota: 3,5/5

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