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Crítica | Plainclothes (Festival Sundance de Cinema 2025)

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Atualizado: 2 de fev.

Sentimentos reprimidos guiam o enredo de drama policial cheio de estilo

Foto: Divulgação


Em Nova Iorque, nos anos 90, o jovem policial Lucas (Tom Blyth) trabalha como agente disfarçado designado para atrair e prender homens gays. Lutando contra seus desejos, ele desafia as ordens profissionais quando se apaixona por Andrew (Russell Tovey), um de seus alvos.


O primeiro longa-metragem de Carmen Emmi é efervescente, é forte e é estiloso. Em seus 90 minutos o potente filme caminha pelo drama, pelo romance e pelo suspense policial e entrega resultados positivos e criativos em cada um deles, e o melhor de tudo, eles convergem para os mesmos propósitos sem interferirem na execução e no feitio uns dos outros. Carmen realiza um trabalho excepcional tanto na direção quanto no roteiro.


O título À Paisana (em tradução livre) ganha muito mais subtexto no decorrer do filme. O disfarce de Lucas vai para além do âmbito profissional. Ele nunca se permitiu viver sua orientação sexual e reprime seus desejos por conta de todos os círculos sociais que o cercam, família, amigos, namorada e de forma mais perigosa, seu trabalho. Essas travas servem como motivadores para as crises de ansiedade que sofre. E com uma câmera trêmula, iluminação alta e ruídos estáticos estridentes, a direção de Cameron expressa os lapsos mentais que resultam das muitas omissões em que Lucas é obrigado a se submeter.

Foto: Divulgação


O argumento tem, além de ótimas motivações, ótimos desdobramentos, personalidades bem desenvolvidas e uma conclusão pra lá de climática que se torna o apogeu de uma trama segura, bem estruturada e finalizada de maneira magistral. O enredo também não deixa de lado a função de registro e recorte histórico e social; Lucas é a personificação de várias problemáticas, causas e consequências relacionadas ao “cruising”, ele valida e ao mesmo tempo materializa a hipocrisia de parte da sociedade que condena e persegue.


O elenco está primoroso. Tom Blyth dá vida a um personagem que sempre anda na corda bamba, sempre no limite, sempre em foco, sempre tendo que tomar alguma decisão que pode comprometer a falsa estabilidade de sua vida. Mesmo com um roteiro limpo e preciso, Blyth consegue dizer mais do que é necessário com seu olhar inquieto. Na contramão temos Russell Tovey com um Andrew tranquilo, sereno, sábio, é um homem que parece ter controle de tudo ao seu redor, mas não menos curioso, não menos insaciável. Destaque também para a irretocável Maria Dizzia, que interpreta a afetuosa e apreensiva Marie, mãe do Lucas, com maestria.


Mesmo com poucos personagens e com uma trama simples, o filme consegue surpreender, seja pela narrativa filmada ou pela escrita. É envolvente, é apreensivo, é bonito e é bem resolvido.


Nota: 4/5


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