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Crítica | Vitória

  • Foto do escritor: Gabriella Ferreira
    Gabriella Ferreira
  • 14 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de mar.

O que você faria se visse o crime através da sua janela?

Divulgação


Lançado nesta quinta-feira (13) nos cinemas de todo o Brasil, o filme Vitória é uma das grandes promessas de sucesso do cinema nacional em 2025. O principal motivo para isso é a presença de Fernanda Montenegro, de 95 anos, como protagonista da trama. A atriz, que após fazer história no longa-metragem vencedor do Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional “Ainda Estou Aqui”, retorna às telas agora com um papel bem maior do que no longa de Walter Salles. 


Em Vitória, Montenegro interpreta Nina, uma massagista veterana que vive num apartamento em Copacabana. Da janela de sua sala, ela começa a testemunhar crimes cometidos por bandidos, que agem no local e tiram a sua paz e de outros moradores. Cada vez mais incomodada pela criminalidade, Nina resolve registrar as atividades criminosas gravando vídeos. Ao levar suas fitas numa delegacia, ela inicialmente não é levada a sério pela polícia. Mas as coisas mudam depois que o repórter Flávio Godoy (Alan Rocha) se interessa pelo material e convence Nina a levar adiante sua denúncia.


Na vida real, Nina era Joana Zeferino da Paz. Nos anos 2000, por meio de uma série de filmagens feitas da janela de sua casa, a aposentada alagoana deu origem à investigação que levou à prisão mais de 30 pessoas, entre traficantes e policiais militares, ligados ao tráfico na Ladeira dos Tabajaras, favela de Copacabana, na Zona Sul do Rio.


A magnitude dessa história e da força da personagem se engrandecem com a performance de uma das maiores atrizes desse país. A solidão, a indignação e o senso de justiça de Nina são muito bem executados por Fernanda que, sem nenhuma surpresa, entrega mais uma atuação de alto nível. A premissa do filme acerta bem em envolver toda a história ao redor e sob a perspectiva dela, algo que ajuda ainda mais a entender as situações e os desafios que Nina enfrenta em sua rotina por conta da presença da violência tão próxima em sua vida. 

Divulgação


Dirigido por Andrucha Waddington, que assumiu o projeto após o falecimento de Breno Silveira, Vitória não traz grandes inovações nesse quesito, mas é competente no que se propõe. A direção aqui parece mais preocupada em contar essa história da maneira correta, sem ir muito além disso. Não sei se a troca entre diretores que aconteceu prejudica o ritmo do filme de certo modo, mas há uma quebra em alguns momentos da trama, mas nada que atrapalhe a imersão do telespectador na sua história. 


Um dos maiores acertos de Vitória é a ambientação que nos transporta para o Rio de Janeiro, indo além das praias e cartões postais e também ao ano de 2005, especialmente através dos objetos. O roteiro, inspirado no livro "Dona Vitória Joana da Paz", de Fábio Gusmão e escrito por Paula Fiúza, transita bem entre a comédia e o drama, mesmo que apele para o melodramático algumas vezes. Além da majestosa atuação de Fernanda, o elenco coadjuvante de Vitória também funciona bem, em especial Alan Rocha, Linn da Quebrada e Thawan Lucas. Todos possuem muita química em cena com Montenegro, em especial o pequeno Thawan Lucas, que tem um dos arcos mais dramáticos do longa. 


Com erros e acertos, o saldo, de maneira geral, é positivo e Vitória honra a história de Joana Zeferino da Paz, em especial pela potência e grandeza de Fernanda Montenegro com uma trama que te faz refletir sobre a violência, a omissão do estado e o que podemos fazer para enfrentá-la.


Nota: 3.5/5


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