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Crítica | Drácula: Uma História de Amor Eterno

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • 29 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de ago.

Luc Besson deixa de lado parte das alegorias para construir filme performático.

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Divulgação


Século XV, após a morte de sua esposa, a princesa Elisabeta, o príncipe Vlad II renuncia a Deus e  herda uma maldição eterna, se tornando um vampiro. Séculos depois, na Londres do século XIX, ele vê uma mulher parecida com sua falecida esposa e a persegue, selando seu próprio destino. 


Romances góticos são, por natureza, conteúdos extravagantes. Grandes cenários, paixões sublimes, motivações avassaladoras que causam reações elegantemente absurdas. Sempre há alegorias demais nas entrelinhas para abordar temas intrínsecos ao ser humano. No caso de Drácula, livro do autor irlandês Bram Stoker, o desejo físico carnal, e o amor idealizado (ambos se complementando) são os alicerces para a construção do enredo. 


Besson não é mais discreto dos diretores de cinema. Olhando de longe o panorama de sua filmografia vemos trabalhos dos mais diversos temas, gêneros e abordagens, e bons ou ruins, uma coisa é certa, sempre é divertido assistir aos seus filmes nada sutis. Tendo em mãos uma história rica de texto e subtexto, Besson não poupa o espectador em ornamentar e colorir tudo à sua perspectiva. Dito isto, aqui há pouquíssimas metáforas no roteiro, que também é de responsabilidade do francês, ele é preto no branco e por mais haja vários subtemas como religiosidade, fé cristã, mortalidade, ambição e microestruturas de poder, todas eles orbitam no anseio do vampiro romeno de ter sua amada de volta. Todas as motivações são ditas com clareza, todas as palavras enunciadas dizem exatamente o que a semântica primária busca, o diretor está muito mais preocupado e interessado nas possibilidades narrativas e visuais que pode alcançar com tudo isso.


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O diretor transforma a tela em um palco de exuberância performática, onde o expressionismo visual ganha forma através do corpo em movimento. Ele aposta em coreografias em danças, cenas de transe e possessão e sequências de luta que exploram os limites físicos dos atores, compondo um balé bonito e visceral. Esses elementos funcionam bem na composição da linguagem estética, traduzindo em ação e gesto os estados emocionais extremos que dominam os personagens.


O americano Caleb Landry Jones está brilhante no papel-título e consegue imprimir uma identidade sensual, carismática e assustadora diferente de todas as outras incontáveis versões que o cinema internacional já viu. Da mesma forma, Zoe Bleu e Matilda De Angelis trazem frescor e intensidade à narrativa com suas atuações bem esboçadas e executadas. Quanto a Christoph Waltz, sustento a minha ideia de que ele continua fazendo o mesmo personagem desde Bastardos Inglórios, o sabichão-cínico, mudando apenas a abordagem a cada roupa que veste.


O longa entende que esta é uma história universalmente revisitada e se preocupa apenas em ser fiel ao seu próprio tom de fantasia, de drama e de romance, e o resultado é divertido, cafona (no melhor dos sentidos) e caprichado.


Nota: 3,5/5


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