Crítica | O Sobrevivente
- Ávila Oliveira

- há 6 dias
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Humor e boa ação não salvam o longa de ser uma bagunça descompensada.

O Sobrevivente retrata uma realidade sombria que se passa no ano de 2025, nos Estados Unidos, onde a economia está em colapso e a violência global se intensifica. Nesse cenário caótico, Ben Richards (Glen Powell) encontra sua única chance de salvar a família ao se voluntariar para participar do violento game show The Running Man. No programa, os participantes precisam escapar de uma equipe de assassinos profissionais enviados para matá-los durante 30 dias, com a promessa de ganhar um prêmio em dinheiro. Se sobreviver, Ben conseguirá ajudar sua filha doente e tirar sua família da pobreza. O Sobrevivente explora temas como controle estatal, manipulação da mídia e a luta desesperada pela sobrevivência em um mundo cada vez mais brutal e desumanizado, refletindo preocupações sociais e políticas que ainda ressoam fortemente.
Edgar Wright é um dos cineastas contemporâneos de cinema pop frenético que mais consegue jogar com o caos. Todos os seus trabalhos anteriores são facilmente reconhecíveis pelo excesso visual e por uma montagem picotada que dentro de suas propostas estilística funcionam com precisão, mesmo que algumas vezes não contribuam diretamente para o bom andamento narrativo e sirvam apenas como acessórios. Mas o fato é que o diretor sempre soube controlar esse ritmo acelerado de hiper estímulos visuais e sonoros, mas em O Sobrevivente ele perde a mão da situação completamente.

O resultado é um filme que soa antiquado em quase todos os sentidos, como se tivesse sido feito para um público que não existe mais. O visual é pobre e sem unidade, com uma direção de arte que se limita a repetir soluções vistas e revistas em outras produções distópicas, sem qualquer frescor ou identidade própria. Os personagens também não ajudam, pois parecem meras reencenações de arquétipos já utilizados em inúmeros outros filmes semelhantes, sem vida própria e sem um desenvolvimento dramático que sustente suas jornadas ou desperte verdadeiro interesse.
Ainda assim, o longa não chega a ser totalmente tedioso porque o humor irônico típico dos trabalhos anteriores de Wright e algumas boas sequências de ação acabam funcionando como pequenos impulsos em meio à bagunça. São momentos de energia que impedem o filme de afundar de vez, mesmo que o enredo em si não apresente qualquer apelo narrativo que o torne realmente relevante, especialmente considerando que se trata de uma segunda adaptação de um romance publicado há mais de quarenta anos. Ao final o público fica com a sensação de que O Sobrevivente perdeu a oportunidade de se atualizar, se é que reinvenção foi alguma vez a proposta aqui.
Nota: 2/5





