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Crítica | Pacificador (2ª temporada)

  • Foto do escritor: Filipe Chaves
    Filipe Chaves
  • 14 de out.
  • 3 min de leitura

Às vezes repetitiva, mas sempre divertida, mostrou que a força da série reside em seus personagens

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Foto: Reprodução


Três anos (!!!) depois da primeira temporada, a trama do segundo ano gira em torno de algo que já me cansou bastante: multiverso, realidades paralelas e etc. Não somente no gênero dos super-heróis, mas na ficção científica também, seja em filmes ou séries. Aqui, o recurso é usado para a evolução do protagonista de John Cena, uma chance de redenção e de reparar os erros do passado, porque neste outro universo - aparentemente perfeito - seu irmão e seu pai estão vivos, ele é um herói amado por todos, inclusive por Emilia (Jennifer Holland). Nos episódios iniciais, a narrativa cai nos mesmos desafios do gênero já vistos em tantas outras produções, mas o texto esperto de James Gunn e o carisma do elenco, fazem com que o entretenimento prevaleça, até que uma bela reviravolta surge e o enredo ganha força.


Um dos principais benefícios de uma série de tv é o tempo para desenvolver os personagens e este é o trunfo da temporada. Chris não está em um bom lugar mentalmente e acha que está sozinho no mundo. A “descoberta” dele é que por mais que seus amigos sejam desajustados – assim como ele –, eles o amam e ele precisa se sentir digno dessa amizade e John Cena mostra sua evolução como ator através disso. Emilia também tem problemas parecidos e busca sentir alguma coisa através da violência, sem querer admitir seus sentimentos por Chris por não acreditar que possa dar certo e uma certa mágoa que foi revelada depois. Holland continua bem no papel da estonteante agente. Enquanto Adebayo – feita pela espetacular Danielle Brooks, a melhor atriz do elenco – é a “cola” do grupo e tenta fazer com que eles enxerguem mais suas qualidades. Adrien (aka Vigilante), um dos meus personagens favoritos, também enfrenta dilemas com a solidão, contrastando com seu constante otimismo e Freddie Stroma é um poço de carisma nesta retratação. Economos (Steve Agee) ganha mais destaque, mas em comparação ao crescimento dos outros, ele permanece mais como alívio cômico mesmo. Quanto ao antagonista de Frank Grillo, Rick Flag Sr., ele parece sobrar por um bom tempo e parece nunca estar à altura do Pacificador. É como se fosse apenas uma pedra no sapato, mas sem muito incômodo.

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Foto: Reprodução


A temporada atinge seu ápice no espetacular sexto episódio, quando revela a verdade sobre o mundo paralelo, que de perfeito não tem nada. Confesso que eu não tinha percebido o que estava diante dos nossos olhos, mas James Gunn foi muito sagaz em construir tão bem isso e provocar estas reflexões políticas e pessoais. Demorou um pouco para dizer a que veio, mas quando disse, não decepcionou. Bem como, o sétimo episódio, que trabalha as consequências dos fatos, onde a ação toma conta em um ritmo frenético que deixa o senso de urgência em alta e os riscos são grandes, o que estava fazendo falta nos episódios iniciais, devo dizer. O final da temporada, tão criticado nas redes, me agrada por mostrar a evolução dos arcos individuais dos personagens e a força do elo que os une, que genuinamente se importam uns com os outros, e automaticamente faz com que nós nos importemos com eles, o que é essencial em qualquer produção. No entanto, o gancho do episódio me fez ter ressalvas. 


Gunn – o agora chefão do DCU – tem um estilo muito característico e sabe dosar muito bem o seu tipo de humor com violência, que eu gosto bastante. Durante toda a temporada, há conexões pontuais com o recente filme do Superman, seja participações especiais ou referências a acontecimentos, e até então, não havia me incomodado porque estabelece que se passa no mesmo universo, mas as interferências são mínimas e, na minha visão, acho que quanto mais independência para uma série de tv, melhor é. A última cena, deixa o protagonista em maus bocados e o problema não é o gancho em si, mas como ele não vai ser utilizado para uma eventual 3ª temporada – que talvez nem exista –, e sim, resolvido em algum filme do Universo Cinematográfico da DC, provavelmente em Man of Tomorrow, sequência de Superman. Não me entendam mal, gosto do filme e estou ansioso, mas esse esquema de “venda casada” não me agrada. Prejudicou a Marvel e me deixou receoso com a DC, porque se perde a chance de explorar bem a gama de personagens que temos aqui e até novas histórias se elas não estiverem conectadas com o resto. Nos pontos altos da temporada, vimos aquelas pessoas ganharem mais camadas, rimos e nos emocionamos com elas, então elas não podem ser desperdiçadas e tratadas apenas como uma preparação de terreno, assim como a série em si.


Nota: 3,5/5


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