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Crítica | Fé para o Impossível

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Filme religioso em nada se distingue de seus congêneres para além do “fato real”

Divulgação


Fé para o Impossível é o longa biográfico do diretor Ernani Nunes que vai retratar um fato na vida de Renee Murdoch (Vanessa Giácomo). Renee é uma pastora norte-americana, que vive no Rio de Janeiro e foi brutalmente atacada por um morador de rua que a atingiu com um pedaço de madeira na cabeça em uma corrida em setembro de 2012, no bairro da Barra da Tijuca. Internada em estado gravíssimo e com baixas perspectivas de cura sob o diagnóstico de traumatismo craniano, Renee contou com a ajuda de seu marido, Philip (Dan Stulbach), e com o apoio de sua família que compartilharam a luta da pastora com o mundo a fim de reunir o máximo de pessoas para uma poderosa corrente de oração pela sua recuperação.


O maior dos problemas de filmes religiosos de superação talvez seja a falta de personalidade, a falta de aprofundamento nas subjetividades das vidas daqueles indivíduos, que torne aquela história (ou pelo menos aquele filme) diferente dos outros que já existem. Afinal, chega-se sabendo que tudo ficará bem mesmo em meio às adversidades, então a melhora/recuperação deveria ser apenas o centro gravitacional por onde todos os outros subenredos orbitam.


Fé para o Impossível gabarita todos os clichês do gênero. A falta de fé de um dos membros da família, a união de todos pela recuperação, os questionamentos religiosos cansados, a representação genérica da igreja, as músicas emocionantes. Pegue qualquer cena que não se refira aos detalhes do acontecimento com a personagem central e o filme se confunde com outros tantos semelhantes que saíram nos últimos 10 anos, dentro e fora do país.


É apenas quando o roteiro se preocupa – e parece que por obrigação – com os vínculos familiares que ele ganha notoriedade. A dureza e a negação de Philip em relação aos sentimentos dos filhos é o tópico que se destaca pela tangente da questão sensível à saúde de Renee, e se houvesse uma melhor valorização deste arco o longa-metragem assumiria uma identidade, até mesmo uma motivação que endossasse o discurso de “males que vem para o bem” que a algumas vertentes cristãs tanto amam.


Assim como Inexplicável, lançado ano passado, este filme também sabe qual o público que quer atingir e vai conseguir, mas, ademais do nicho facilmente impressionável e da história que sim tem seu mérito surpreendente, a produção não mira mais do que poderia, falta valorização das possibilidades de alcance de sua própria narrativa nas entrelinhas.


Nota: 1,5/5


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