top of page
Background.png
capa-cabeçalho-site.png
Foto do escritorVinicius Oliveira

Crítica | His Dark Materials - Fronteiras do Universo (3ª temporada)

Um encerramento épico e íntimo

Divulgação: HBO


No decorrer de suas três temporadas, 'His Dark Materials' sempre soube aliar a complexidade de seu universo - ou multiverso, dada sua premissa - com a de seus personagens. Isso é especialmente verdade neste último ano, que traz tanto o conflito final entre as forças de Lorde Asriel (James McAvoy) e da Autoridade quanto a jornada pessoal de sua filha Lyra (Dafne Keen) e Will (Amir Wilson), a qual, mesmo que pareça em grande parte deslocada da narrativa principal, é crucial para encerrar a história da série até aqui.


Atendo-se à fidelidade aos livros originais de Philip Pullman, a série não se acanha em expandir sua mitologia na reta final, adicionando elementos como novos mundos, um casal de anjos e os mulefas, criaturas muito queridas pelos leitores. Entretanto, se costumo criticar o excesso de didatismo em séries e filmes, aqui critico a ausência dele: certas informações e fatos são simplesmente jogados em nós, espectadores, o que dificulta o envolvimento emocional nessa guerra, especialmente levando em conta a forma como a temporada anterior havia ajudado a expandir o escopo da série de uma “simples” aventura de uma menina atrás de seu melhor amigo para um conflito envolvendo forças terrenas e celestiais.


Entretanto, se a primeira metade da temporada demora a engrenar - algo perigoso, levando em conta que esta é a última temporada -, a segunda compensa ao gradativamente unificar os arcos e oferecer os encerramentos apropriados aos personagens, culminando nos dois episódios finais, que não poderiam ser mais diferentes e ao mesmo tempo não poderiam se complementar melhor: onde o penúltimo oferece uma culminação épica para o grande conflito delineado no decorrer da série, o último busca uma surpreendente natureza intimista para fechar a história de Lyra e Will de uma maneira tão agridoce e coesa que não pude evitar as lágrimas durante os 20 minutos finais.

Divulgação: HBO


Aliás, mesmo que 'His Dark Materials' tenha tido seus tropeços ao longo dos anos - da minha parte, não sou grande fã da primeira temporada e nunca senti que a série conseguiu abraçar toda a estranheza e subversão dos livros por completo -, é inegável que ela driblou muitos de seus problemas com o elenco impecável. Ruth Wilson como Marisa Coulter se prova mais uma vez a grande estrela do show, navegando por sentimentos tão contraditórios como raiva, tristeza, amor e arrependimento, dando à sua personagem o melhor arco da temporada (e da série) e entregando no processo talvez uma das melhores e mais subestimadas performances da TV recente. Da mesma forma, James McAvoy ganha seu maior espaço aqui e revela um personagem cheio de contradições: mesmo que sua causa seja aparentemente justa, é quase impossível não odiá-lo. Enquanto isso, Dafne Keen e Amir Wilson seguem uma dolorosa jornada de crescimento que culmina no já referido último episódio, e a cumplicidade e química deles (bem como a de Wilson e McAvoy) se revela o coração da série mesmo quando ela aposta em seu lado mais fantasioso ou nas suas críticas à religião e ao autoritarismo.


A última temporada de 'His Dark Materials' pode não ser um encerramento perfeito à série, mas entende qual sua verdadeira força e aposta nisso até o fim. Mesmo sempre sentindo que o seu criador, Jack Thorne (que costumo achar um roteirista mediano), nunca soube extrair o melhor dos aspectos mais fantásticos da criação de Philip Pullman, no fim são os momentos mais humanos e intimistas que prevalecem e fazem da série uma experiência memorável.


Nota: 4/5

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page