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Crítica | O Macaco (2025)

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Excesso de temas e abordagens resultam em filme sem tom.

Divulgação


Adaptado de um conto do mestre do terror Stephen King, O Macaco é dirigido e coescrito por Osgood Perkins (Longlegs) e produzido por James Wan (Jogos Mortais, Annabelle, M3gan). A trama acompanha os gêmeos Bill e Hal (Theo James), que descobrem um antigo macaco de brinquedo no sótão de seu pai. A partir desse momento, uma série de mortes terríveis começa a acontecer. Tentando se livrar do brinquedo e seguir em frente, os irmãos decidem descartá-lo e, com o tempo, distanciam-se desse passado sombrio. No entanto, o terror parece não os abandonar. O elenco também inclui Elijah Wood, Tatiana Maslany e Christian Convery. Stephen King assina o roteiro ao lado de Perkins.


Não sou o maior fã de filmes de terror, não gosto de me assustar de graça. Sou uma pessoa facilmente assustável, não precisa de muito para que eu esteja cerrando os olhos (ou tapando com as mãos mesmo) para tentar esperar da melhor forma possível o inevitável susto que precede o momento de silêncio na cena escura. E tenho a plena convicção de que “esse filme dá medo” é algo completamente subjetivo. Então, como um não entusiasta de terror facilmente assustável, digo que como terror O Macaco funciona melhor na comédia, e ainda assim nem sempre.


O cineasta Osgood Perkins tem letramento visual e narrativo, e isso ficou claro em sua filmografia até aqui, no entanto, desta vez parece que ele quis despejar muitas de suas referências de uma vez, gerando um filme instável como terror, como suspense e até como comédia, embora essa seja a abordagem mais bem desenvolvida.


O texto não se preocupa em explicar com detalhes os “comos” e os “porquês” da mística em torno do macaco (sem querer entrar em méritos narrativos de “suspensão de descrença”) então o que resta ao espectador é sentar e aproveitar os desdobramentos malignos que o objeto traz aos personagens que o cercam. As mortes inusitadas e sarcásticas à lá franquia Premonição funcionam de início, mas vão perdendo o impacto quando se dissipam em meio a diálogos existenciais, em meio as piadas e em meio a incessantes tentativas de ligar pontos que não existem no enredo para justificar tudo que acontece no argumento.

Divulgação


O elenco é, de longe, quem facilita o caminho tortuoso da narrativa até o final. Os atores que interpretam os protagonistas gêmeos são, tanto na versão infantil (que inclusive estes desatentos olhos não perceberam se tratar do mesmo ator Christian Convery), quanto na versão adulta (Theo James) brincam com as diferentes personalidades de seus personagens que se moldam aos muitos e confrontantes tons que o filme possui. Tatiana Maslany também deixa sua marca em alguns dos melhores momentos da história.


Entre os sarcasmos que remetem aos primeiros longas de Tim Burton e um suspense inocente à la Clube do Terror, O Macaco acaba por ser um filme mais inofensivo do que pretende e deixa escapar as poucas boas oportunidades que teve de assumir uma vertente e tentar se consolidar num direcionamento preciso.


2/5


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