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Crítica | Juntos

  • Foto do escritor: Ávila Oliveira
    Ávila Oliveira
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

Romance fantasiado de terror funciona nos níveis metafórico e literal.

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Depois de anos de relacionamento, Tim (Dave Franco) e Millie (Alison Brie) se encontram em uma encruzilhada ao se mudarem para o interior. Com as tensões já exaltadas, um encontro com uma força sobrenatural ameaça corromper suas vidas, seu amor e sua carne.


Tenho receio de falar em filmes de terror que funcionam no campo da analogia porque esse estilo de filme sufocou o terror de sensações mais imediatas na década passada, e se tornou o queridinho das pessoas rasas que gostam de pagar e cabeçudas e acham que uma simples metáfora tem mais peso qualificatório do que os mais literais. Mas Juntos é um destes filmes e que trabalha bem suas figuras de linguagem a ponto de funcionar no âmbito referencial e no âmbito mais pragmático, digamos.


O texto trata de um casal com problemas de codependência, com problemas de confiança e com problemas de segurança. E quando essas questões ficam à flor da pele isso acontece de forma simultânea no terror e no romance/drama, ao pé da letra e nas entrelinhas. Existem também um tom e humor satírico que permeia todas essas camadas e que deixa margem para fazer graça com as situações e suas interpretações, o que funciona quando o filme se abre ao bizarro, mas tira parte da coragem ao se blindar de leituras mais sérias, que não relevem tanto os detalhes. Afinal, a mitologia por trás dos eventos causadores do terror corporal é explicada enquanto causa, mas não enquanto modo operante. Os motivos são apresentados, mas não se explica como acontece. E o texto se vira sem isso, honestamente, e nem se preocupa em ir além em suas filosofias.

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A química entre o casal protagonista ajuda tanto nos momentos de tesão quanto de tensão. Dave Franco e Alison Brie conseguem equilibrar bem os textos mais sóbrios com os mais engraçados sem quebrar os climas e sustentando a fusão de gêneros que o filme propõe. São trabalhos que mantêm a narrativa de pé mesmo quando a lógica por trás do enredo ameaça desmoronar.


No fim, este bad romance sabe ser divertido, é ágil e flui bem, mesmo que, para isso, passe por cima de vários deslizes de continuação e buracos narrativos. É um filme que prefere empilhar e expor suas boas ideias visuais entre o grotesco e o romântico do que entregar alguma solidez.


Nota: 3,5/5


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