Crítica | O Eternauta (1ª temporada)
- Filipe Chaves
- há 15 horas
- 2 min de leitura
Nova série apocalíptica tem a Argentina como cenário e faz um ótimo feijão com arroz do gênero.

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Uma misteriosa tempestade de neve atrapalha a noite de jogos de Juan (Ricardo Darín) e seus amigos. Nada que seja elétrico funciona mais e quando um deles tenta ir para casa, morre pouco depois de sair na rua. A tensão aumenta, e o grupo faz um traje para que Juan consiga sair à procura da filha e da ex-esposa. É o ponta pé inicial da história baseada em HQs publicadas nos anos 50. Fico feliz que finalmente temos uma ótima história apocalíptica ambientada na América do Sul, mais precisamente na Argentina. Imagino quão inovadora ela foi na época. Hoje em dia, depois de tantas outras produções sobre o tema, ela já soa mais familiar, mas é um arroz com feijão muito bem feito.
Gosto de como somos apresentados aos personagens e é através deles que vamos conhecendo o que é o quê e os empecilhos que eles enfrentarão para sobreviver nesta conjuntura atual. Além de Juan, estão na casa Alfredo (César Troncoso), o dono, Ana (Andrea Pietra), sua esposa, Omar (Ariel Staltari) e Polszky (Claudio Martínez Bel). Quando Juan sai, o conflito esquenta, já que ninguém ali sabe lidar com o que está acontecendo e está se virando como pode.
De início, “a neve” tóxica é a maior das ameaças e a mais interessante, haja vista que é mais difícil de lidar porque não há como sair sem estar completamente coberto. Depois outras aparecem, e apesar de previsível e me causar uma pequena decepção, não deixa de entreter, ainda que perca um pouco do fator mais autoral, digamos assim. O roteiro de Bruno Stagnaro sabe trabalhar bem com as limitações e possibilidades plausíveis diante da situação, não expondo mais que o necessário nos diálogos, enquanto a direção constrói uma atmosfera claustrofóbica, seja ao ar livre – que está inabitável pelo ser humano – ou dentro de prédios.

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Darín e Troncoso se destacam, mas todo o elenco está muito bem. Personagens que começam como estereótipos vão sendo desenvolvidos de uma maneira competente, mas devo dizer que nem todos conseguem ir além disso. O design de produção é muito detalhista nos cenários apocalípticos e não fica devendo em absolutamente nada à filmes e séries norte-americanos. As cenas em grande escala, das grandes cidades tomadas pela neve são belíssimas e assustadoras, com uma cinematografia tão deslumbrante quanto triste. No entanto, apesar dos efeitos visuais satisfatórios, temos alguns que são mais a desejar, ainda que sejam minoria, felizmente.
Tivemos 6 episódios nesta 1ª temporada e com a promessa de uma 2ª onde as adversidades parecem ainda maiores, mas já temos uma boa noção do que elas são, seja pelo que nos foi apresentado ou porque já vimos em outros lugares. Não é culpa da trama em si, que tem um material fonte de mais de meio século. Mas dada a quantidade de produções do gênero que já tivemos neste tempo, ela perde o fator de inovação, mesmo que não perca o entretenimento.
Nota: 3,5/5
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