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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Nosso Sonho

Atualizado: 13 de out. de 2023

Cinebiografia cativa e emociona com atuações marcantes e direção justa

Foto: divulgação


A produção dirigida por Eduardo Albergaria narra a história da famosa dupla de cantores brasileiros Claudinho e Buchecha (interpretados por Lucas Penteado e Juan Paiva respectivamente), sob a perspectiva de Buchecha. Desde a amizade na infância, passando pelo reencontro na juventude, a ideia de virarem músicos e até a trágica morte de Claudinho, o filme passeia pelos melhores e piores momentos da vida de Buchecha mostrando como de uma direta ou indiretamente seu destino estava ligado ao de Claudinho.


Eduardo Albergaria conseguiu ao mesmo filmar uma história cativante e com uma boa cadência, mesmo que não arriscando muito. O longa se equilibra muito bem entra a corda bamba que desestrutura muitas cinebiografias: de um lado, contar uma história higienista demais sem qualquer mácula ou deslize, e do outro explorar situações desagradáveis para intensificar o drama. A direção cria momentos de leveza sem tirar o pé da realidade e momentos mais densos sem apelar pra conteúdos muito gráficos verbal ou visualmente.


O par de atores principais brilha muito em cena, na atuação, no canto, na dança e no carisma. Lucas Penteado e Juan Paiva são responsáveis por sustentarem o ritmo do filme mesmo quando o texto não é tão favorável a eles. Não tenho como deixar de falar sempre que eu puder da força da natureza que é o talento da atriz Tatiana Tibúrcio, mesmo com pouco tempo em cena ela consegue atrair a atenção e o sentimento do espectador com voracidade.



Foto: divulgação


É compreensível o anseio (e talvez a angústia) dos roteiristas de uma cinebiografia em querer contemplar a maior gama de tópicos possível e contextualizar tudo que puder e talvez essa seja a maior questão aqui: a falta de um direcionamento diferencial no roteiro, uma perspectiva centrada num ponto específico que não faça com que o texto pincele vários assuntos e não se aprofunda em nenhum deles, o que acontece aqui. Em Spencer (2021), por exemplo, o roteiro de Steven Knight conta muito da vida da princesa Diana mesmo se passando num final de semana; e em Elvis (2022), tivemos a história do famoso cantor contada sob um ponto de vista vilanesco do produtor Coronel Tom Parker. O foco de Nosso Sonho é a amizade da dupla? Inicialmente sim. Depois se torna as questões familiares, depois muda para a carreira musical. É exatamente o que se espera (o que não necessariamente é um ponto fraco), mas deixa passar a oportunidade de criar um enredo com um viés único e distinto do que já existe e já se sabe. A falta de riscos, tanto no roteiro quanto na direção, evita erros, mas faz com que o resultado não vá mais longe do que ele mira.


Nosso Sonho é um filme de amadurecimento, não só das crianças que se tornaram os famosos Claudinho e Buchecha, mas do funk com um gênero reconhecido e admirado no Brasil e no mundo. A história da dupla está intrinsecamente ligada às histórias dos bailes funk dos anos 90 no Rio de Janeiro, onde o ritmo se encorpou e se fortaleceu para começar a ganhar espaço além de seu território original, tocando em rádios, programas de televisão de alcance nacional, e o longa não deixa de dar os devidos créditos.


Se não por tudo o que foi dito, o longa é válido por ser uma oportunidade para apresentar para uma nova geração que conhece a ascensão de artistas e semi-artistas como o resultado meteórico de postagens pagas nos mais diversos canais da internet, como influentes nomes do passado que abriram portas para a popularização de todo um movimento cultural batalharam, se esforçaram e prosperaram num contexto social bem diferente do que se tem hoje.


Nota: 4/5

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