Crítica | Branca de Neve
- Ávila Oliveira
- 19 de mar.
- 3 min de leitura
Inofensivo e bobo, live action se isenta pelas boas músicas e pela vontade de acontecer.

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Branca de Neve da Disney é uma releitura em live-action do clássico filme de 1937. Estrelando Rachel Zegler como Branca de Neve e Gal Gadot como sua Madrasta, a Rainha Má. A aventura mágica remonta à história atemporal com os amados personagens Dengoso, Mestre, Dunga, Zangado, Feliz, Soneca e Atchim.
Chegando atrasado para a cansada onda de refilmagens em live action das animações clássicas da Disney, era inevitável que o primeiro longa-metragem de animação norte-americano não ganhasse uma refilmagem toda sua. Por incontáveis aspectos técnicos, a animação de 1937 é um filme revolucionário, que influenciou, direta ou indiretamente, literalmente tudo que veio após o gênero. Mas é também, no fim das contas, uma produção cujo resultado é maior do que sua narrativa, inspirada num conto de fadas alemão. As muitas interpretações e lições de moral extraídas de contos de fadas se tornam perceptíveis na maneira em que aquela história está sendo contada. E neste sentido o novo filme traz lá sua esforçada mensagem sobre justiça, coragem e beleza interior.
Sempre digo que não sou contra refilmagens, novas versões e adaptações contanto que elas tenham algum apelo estético ou narrativo que as distingam das primeiras versões e/ou que validem uma motivação de existirem para além da financeira. Aqui o trabalho do roteiro é onde o filme busca ganhar mais força do que a primeira versão. O argumento ganha mais subsídios, mais contexto e mais músicas (e boas músicas compostas pelos premiados Benj Pasek e Justin Paul), para rechear a trama, e o trabalho funciona bem a ponto de se assemelhar às afinadas narrativas da época de ouro das animações Disney.
Mas quanto à execução filmada o filme é uma bagunça. É mais uma produção que sofre com a padronização da iluminação opaca e sem vida que desmoraliza o decente trabalho da equipe de direção de arte e dos belos figurinos de Sandy Powell. Por mais digitais que sejam, existem vários cenários que poderiam sugerir tons diferentes e imprimir momentos diferentes e bem marcados pelas músicas e pelos números musicais, mas tudo sofre com o mesmo filtro lavado de baixa saturação que prejudica toda a boa vontade que o filme possui em dar alguma vida àquela história.
Rachel Zegler entrega uma Branca de Neve clássica, misturando uma ingenuidade irritante a uma bravura apenas de discurso. Andrew Burnap surpreende com uma atuação comedida. E Gal Galdot tenta ganhar no canto, mas parece sempre faltar um ímpeto na sua vilã que tinha tudo em mãos para desempenhar um papel divertido e relevante. Como também era de se esperar os efeitos visuais contam com pouquíssimos efeitos práticos e bastante digitais. Tudo até que ia bem até a chegada dos anões, criados digitalmente depois de algumas polêmicas e aparentemente renderizados às pressas para a finalização do longa. No quesito do lúdico e até mesmo do absurdo faz todo sentido estes personagens serem, contrastantes, por assim dizer, ao restante dos demais (os reais), mas a verdade é que eles acabam por se tornar distrações dado o tanto que destoam do conjunto (também cheio de pixels criados).

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No mais, não serei hipócrita em dizer que não dei uma risadinha aqui e acolá com algumas piadocas e que não fiquei com a melodia de algumas canções no inconsciente, outro ponto positivo é que ele recria momentos icônicos da animação sem querer reproduzir quadro a quadro. Ainda assim é um filme tímido, que não usa sua grandiosidade financeira para ousar e entregar um produto que, para o bem ou para o mal, tivesse alguma assinatura ou que trouxesse algum frescor.
Nota: 2,5/5
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