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Crítica | Drop: Ameaça Anônima

  • Foto do escritor: Gabriella Ferreira
    Gabriella Ferreira
  • 15 de abr.
  • 3 min de leitura

Um suspense moderno com pulsação digital e tensão constante.

Divulgação


Lançado na última semana nos cinemas brasileiros, o filme Drop: Ameaça Anônima passou meio despercebido dentre a enxurrada de salas disponíveis para o blockbuster do mês baseado no jogo Minecraft. Mas a trama, escrita por Jillian Jacobs e Chris Roach e dirigida por Christopher B. Landon, consegue surpreender quem busca uma boa história de suspense para se entreter. 


Usando a funcionalidade real dos airdrops — recurso de compartilhamento de arquivos via bluetooth, disponível nos sistemas ios — como ponto de partida, conhecemos Violet (vivida com intensidade e nuance por Meghann Fahy), uma mãe viúva que decide dar um novo passo em sua vida amorosa ao conhecer Henry (Brandon Sklenar) através de um app. O que deveria ser um encontro romântico comum se transforma em um jogo macabro quando Violet começa a receber mensagens ameaçadoras de um número anônimo. A cada nova instrução, o medo cresce e a sensação de impotência do espectador acompanha o desespero da protagonista.


Sendo bem sincera, sou uma grande fã dos trabalhos mais recentes do diretor Christopher Landon, que incluem Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, A Morte te dá Parabéns e Freaky, filmes que misturam elementos de horror clássico com bom humor. Aqui em Drop: Ameaça Anônima, Landon parece encontrar um cinema mais consciente, se voltando às referências de grandes tramas de suspense e thrillers, um pouco diferente do que estávamos acostumados a ver. E é muito interessante ver o diretor explorando as nuances do gênero, ainda mantendo sua essência. 


Landon opta por uma direção mais contida do que em seus trabalhos anteriores. O uso de espaços limitados, como o restaurante e o carro, reforça a sensação de confinamento. A mise-en-scène é limpa e funcional, deixando que a performance da atriz e o design de som carreguem a tensão.  O diretor evita cortes excessivos e usa planos médios e closes longos para explorar a linguagem corporal da protagonista, o que amplia a nossa imersão na história.

Divulgação


Acerca da trama, Drop: Ameaça Anônima te envolve rapidamente através da empatia que nutrimos pela protagonista e também pelo ritmo frenético que ele impõe logo nos primeiros minutos da trama. As coisas vão escalonando de uma maneira que te deixa vidrado. O roteiro, ainda que parta de uma premissa que já vimos antes (estranhos sendo controlados por mensagens anônimas), consegue manter a tensão viva com reviravoltas bem posicionadas. A progressão dramática respeita os beats clássicos do thriller, com uma clara divisão em três atos — mas evita didatismos. A dúvida constante sobre quem está manipulando os eventos sustenta a narrativa até o clímax. O que começa como uma ameaça externa vai ganhando contornos mais íntimos e psicológicos, até o espectador se perguntar: quem é a verdadeira ameaça?


Meghann Fahy é o coração do filme. Sua atuação evita exageros e encontra força no realismo e fácil acreditar em Violet. Ela, que teve um destaque fenomenal na segunda temporada de The White Lotus, prova que também tem força para ser uma excelente protagonista nos cinemas. Brandon Sklenar também entrega uma performance interessante, jogando com a ambiguidade do personagem sem nunca escorregar no óbvio.


Para alguns, se há um ponto fraco, talvez seja o terceiro ato, que pisa um pouco no acelerador da verossimilhança em favor da ação, mas mesmo esse exagero tem seu lugar em uma narrativa que claramente quer brincar com os nervos do espectador. 


Drop: Ameaça Anônima é um suspense elegante e eficiente, que prova que o terror mais inquietante muitas vezes vem da tecnologia (e de nós mesmos). Uma história de vigilância, confiança e sobrevivência que prende até o último segundo. Sua força está na economia narrativa e na linguagem visual funcional, que juntas criam um thriller psicológico com elegância e precisão. Um ótimo exemplo de como um filme pode gerar tensão com recursos simples, mas bem aplicados.


Nota: 3.5/5


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