Uma série visualmente linda, com uma história que não consegue chegar nem perto do filme original
Foto: Divulgação
Não é novidade para quem acompanha os lançamentos do Paramount+ que a empresa na maioria das vezes aposta em criar novos conteúdos de suas marcas já existentes, ao invés de dar espaço para novas produções. Algumas vezes essa aposta é bem sucedida, gerando um inovador espaço para continuações de séries, como The Good Fight, spinoff de The Good Wife, ou mesmo as séries limitados do universo de Yellowstone, 1883 e 1923. Apesar desta forma gerar sucesso, ela não é infalível, principalmente quando a marca original já acabou há muitos anos, como iCarly, que teve seu reboot, de qualidade duvidável, produzido pelo streaming.
A mais nova marca que o Paramount+ decidiu reviver é um dos grandes clássicos do cinema, o musical Grease. Estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John, o filme mostra os dois adolescentes se apaixonando. Durante o longa conseguimos ver a evolução de Sandy (Newton-John), que acaba de chegar em um novo colégio e se encontra fazendo amizade com as “Pink Ladies”, um grupo feminino que é rapidamente identificável pelas suas jaquetas cor de rosa. Já Grease: The Rise of the Pink Ladies, que estreia 40 anos após o lançamento do filme, mostra a história de como este grupo de garotas foi formado.
Um dos grandes fatores que a série traz é não tentar replicar um conteúdo de época. Ao mesmo estilo de Bridgerton, a série aposta em trazer elementos que nos lembre do tempo em que a série se passa, ao mesmo tempo que traz contextos e situações atuais para os anos 50. Essa escolha funciona, principalmente em seu estilo visual, que consegue fazer referências ao filme original, enquanto consegue criar sua própria linguagem, e também em relação aos assuntos abordados, como sexualidade e identidade de gênero. Porém, os elementos narrativos nos destoam da história original, que neste confuso canon se passa quatro anos após os eventos da primeira temporada.
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A desconexão do material base não é o único problema que a trama da série tem. Além de ter histórias datadas, como um romance entre uma estudante e um professor que parece que saiu de um capítulo de 2010 de Pretty Little Liars, a história não sabe onde focar seu interesse, com desenvolvimentos e resoluções jogados de uma forma que parece ser aleatória, mas ela se perde mesmo após a saída de Johnathan Nieves. É visível, através de um CGI horrível, que o personagem Richie deveria fazer parte dos episódios finais da primeira temporada, mas acaba sendo jogado de lado, junto com algumas partes que ficam sem uma resolução digna após a repentina saída do ator durante as gravações.
Quando pensamos em Grease uma das primeiras imagens que vem às nossas cabeças são os clássicos números musicais, dos quais eu conseguiria nomear dezenas de memória, mas apesar de 90% das vezes tentar referenciar os números do filme original, a série não consegue fazer nenhum deles ser memorável. Coloco a culpa neste caso aos compositores, que não conseguem criar nenhuma música que faz o espectador ter vontade de baixá-las para ouvi-las repetidamente, ou se quer lembrar delas alguns minutos após os episódios acabarem. Muitos dos números conseguem trazer elementos visualmente interessantes, mas o constante uso de nostalgia acaba cansando após metade da temporada.
Dito isso, apesar de estar fazendo duras críticas a série, ela não é somente composta de erros. Como já falei anteriormente, um dos grandes pontos positivos da prequela é seu estilo visual e fotografia, que conseguiram ver como outras produções trazem o ensino médio para as telas e levar esses elementos aos anos 50. Muitas vezes eu me impressionava com o jogo de câmeras e coreografia da série, ao mesmo tempo que eu não me importava com nada que saia da boca dos atores. O elenco também entrega um bom trabalho, mas devido às péssimas histórias, ninguém consegue entregar algo excepcional ou memorável.
Infelizmente sinto que o Paramount+ se apressou na produção de Grease: The Rise of the Pink Ladies e acaba entregando uma série visualmente deslumbrante, que nem vai cair no esquecimento do público, tendo em vista que nunca conseguiu pegar ele para assistir.
Nota: 2/5
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