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Foto do escritorÁvila Oliveira

Crítica | Não Solte!

Conto de terror une subgêneros com clareza temporária

Foto: Divulgação


Não Solte!, um thriller psicológico dirigido por Alexandre Aja, conta sobre uma ameaça sobrenatural desconhecida que domina o mundo exterior, deixando a segurança de uma mãe, Halle Berry, e seus filhos gêmeos restrita à proteção de sua casa e ao vínculo inquebrantável da família. A mãe e seus filhos se mantêm ligados por cordas dentro de sua residência para protegerem-se do mal que assola o mundo lá fora. No entanto, quando um dos meninos começa a questionar a realidade do mal que os cercam, a frágil segurança da família começa a se desintegrar. A dúvida e o ceticismo provocam uma ruptura nos laços que mantêm a unidade familiar e desencadeiam uma luta desesperada pela sobrevivência.


O roteiro do longa-metragem se assemelha à estrutura literária de conto. É uma narrativa curta, com poucos sujeitos, narrador-personagem, tempo e espaço bem definidos e um arco central a ser desenvolvido sem lugar para tramas paralelas. Logo de início o filme deixa claro que existe, para além do terror mais superficial e imediato, uma questão sobre dúvida, crença e fé, o que cria um “suspense psicológico” caminhando lado a lado da ideia sobrenatural do “mal” em suas formas mais mitológicas, digamos. E esses dois subgêneros conseguem se apresentar bem e se complementam com clareza durante a maior parte do tempo. As delimitações do roteiro desenham bem os caminhos dos estilos narrativos e onde eles devem se encontrar e se evitar. É quase como um terror educativo em que junto com os sustos e o trauma vem algumas lições de moral.

Foto: Divulgação


A ambientação também tem um papel bem importante na tradução do texto em imagens. Constantes e variados planos de estabelecimento funcionam para criar um mapeamento dos cenários em que o filme inteiro se desenvolve, a casa onde a família mora e a floresta que os cerca.


Halle Berry, com suas três décadas de carreira, é uma atriz que tira de letra uma personagem com o nível de complexidade que é exigido para esse tipo de trama. E as crianças Percy Daggs IV e Anthony B. Jenkins são ótimas surpresas tanto na condução do terror quanto nos momentos mais íntimos e pessoais de seus papéis. Vale lembrar que esse é o segundo terror que Anthony estreia esse ano, ele esteve presente no péssimo A Libertação.


No entanto tudo que o filme consegue de êxito, mesmo que se repetindo e não desenvolvendo o argumento mais do que poderia, se embaralha durante o terceiro ato. Quando os “monstros” resolvem ir além do suspense, o texto parece não querer escolher ou assumir uma definição precisa e deixa o final aberto com uma aparência confusa e até meio covarde. O real e o metafórico se confrontam e o ao querer abranger mais de uma interpretação a produção perde a chance de encerrar com precisão e com personalidade.


Nota: 3/5


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