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Crítica | Stranger Things (5ª temporada, Parte 1)

  • Foto do escritor: Filipe Chaves
    Filipe Chaves
  • 27 de nov.
  • 3 min de leitura

Apesar de voltar melhor nestes quatro episódios, a série ainda luta para reencontrar seu charme de outrora.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

Depois de uma 4ª temporada desnecessariamente inchada e megalomaníaca, onde somente a trama que se passava no núcleo de Hawkings funcionou, finalmente a série volta a se centrar na cidade e no grupo unido, mas ainda há alguns problemas. Hawkings agora está sendo controlada por militares liderados pela Dra. Kay (Linda Hamilton), enquanto nossos heróis agem por túneis secretos em busca de Vecna (Jamie Campbell Bower). O primeiro episódio deste volume mostra essa nova realidade e como cada um está lidando com ela, mas há um problema: o longo período sem vermos aqueles personagens enfraquece nossa conexão com eles, com suas dinâmicas e até a química, que antes era um ponto tão forte. Passado um certo tempo, fui me habituando de novo, mas ainda com a sensação de que faltasse algo. Eles estão evidentemente mais velhos, mas não mais maduros, assim como a série. Tentarei falar mais sem dar qualquer spoiler.


O segundo episódio abre com uma excelente sequência, mas mostra o medo que os criadores têm em matar personagens e a pouca evolução que houve em tanto tempo que se passou. Depois de anos sobrevivendo com monstros, Mike (Finn Wolfhard) e Nancy (Natalia Dyer) ainda questionam as coisas estranhas – com perdão do trocadilho – que acontecem no local, na tentativa do roteiro de criar uma virada, que estava previsível desde o começo da trama de Holly e seu amigo imaginário, por exemplo. E os planos estapafúrdios são vários que dariam orgulho ao Cebolinha. Não fazem qualquer sentido e, felizmente, nem todos dão certo porque a trama precisa andar de uma forma ou de outra. Explicações e diálogos extremamente expositivos acontecem aos montes para que ninguém se perca em algo que não é difícil de entender. Neste sentido, os Duffer recusam a amadurecer o texto e por consequência seus protagonistas. E mesmo que haja uma piadinha ou outra que seja mais inspirada, elas se perdem no mar de exposição, infantilizando a série ainda mais do que nas suas três primeiras temporadas.

Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

Ainda assim, eles conseguem construir uma atmosfera mais apocalíptica, de que tudo realmente está chegando ao fim, com o senso de urgência em alta e fazer a gente torcer de novo por aqueles personagens. Steve (Joe Keery), Robin (Maia Hawke) e Dustin (Gaten Matarazzo) continuam sendo o melhor trio e eu não posso deixar de mencionar a sempre ótima Erica (Priah Ferguson). É com eles que percebemos que ainda há esta conexão. Will (Noah Schnapp) ainda possui aquela conexão com os demogorgons que vimos anteriormente e é abordado de uma maneira bacana, ainda que mostre as limitações de Schnapp como ator, mas a ligação que ele cria com Robin ajuda a humanizá-lo e tira o peso de ter que lidar com o humano e sobrenatural ao mesmo tempo, mas deixando claro que ele seja uma peça-chave na história. É algo já antecipado, assim como as reviravoltas que envolvem Eleven (Millie Bobby Brown) e Max (Sadie Sink). 


Eu nunca assisti Stranger Things pelas grandes viradas geniais na trama, mas não lembrava de ser tão previsível assim. Não é algo que necessariamente incomode, mas que mais uma vez mostra a limitação dos Duffer em ir além de ser uma série ‘crowd pleaser’, ou seja, para agradar a audiência. É um fenômeno inegável por isso, apesar dos monstros e tudo mais, é um arroz com feijão – quase sempre – bem feito e com um elenco muito carismático. David Simon (criador de The Wire, uma das melhores séries da história da televisão) uma vez disse que “o telespectador sempre vai querer sorvete, mas é necessário que ele também coma os legumes”, ou seja: quem assiste, vai querer a zona conforto, mas é ousando sair dessa zona que a série realmente se mostra grande. Isso não acontece em Stranger Things, onde a audiência é servida com sorvete a todo instante e isso não muda neste início de temporada. Vai entrar para a história da televisão, pelo grande público que possui, mas não figurando entre as grandes em termos de qualidade. Pelo menos como blockbuster está funcionando e pelos ganchos deixados para os episódios vindouros o entretenimento está garantido e o que nos resta é se contentar com ele.


Nota: 3/5



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