Análise | The Last of Us 2x05 (“Feel Her Love”): Quem decide o que merecemos?
- Vinicius Oliveira
- 12 de mai.
- 3 min de leitura
A vingança de Ellie enfim começa a se cruzar com os conflitos em Seattle.

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Com a introdução definitiva do núcleo de Seattle no episódio passado, o arco geral desta temporada (e certamente da próxima) enfim toma forma e avança. Vimos que a busca por vingança de Ellie (Bella Ramsey) parece quase ínfima perante o que está se desenrolando na cidade, com o conflito entre Lobos e Serafitas tomando proporções cada vez maiores, mas da mesma forma que as ações de Abby (Kaitlyn Dever) contra Joel (Pedro Pascal) impactaram profundamente Jackson, aqui as ações da protagonista contra os aliados de sua nêmesis certamente terão um efeito devastador sobre a cidade.
Assim como no episódio anterior, temos vislumbres do lado dos Lobos, na cena inicial entre Hanrahan (Alanna Ubach) e Elise (Hettiene Park) que nos introduz ao conceito dos esporos e torna a ameaça do Cordyceps ainda mais aterradora. Gosto desses momentos em que a série se desvincula do jogo para ampliar o escopo desse mundo e mostrar que há muito mais acontecendo além da jornada de Ellie, mas ainda considero bem pouco, com a narrativa ainda muito presa ao material original, mesmo já tendo até aqui mudanças que considero positivas, como a batalha de Jackson no segundo episódio e o maior papel de Dina (Isabella Merced) na trama.
Curiosamente, vi alguns comentários sobre como o episódio foi arrastado, pois minha impressão foi o oposto: após um começo mais reflexivo que explora um pouco mais do luto de Ellie por Joel, o episódio se põe em movimento com a sequência dela e Dina no armazém e não para mais. Há um bocado de conveniência na maneira como ambas são encontradas por Jesse (Young Manzino) e a revelação de que este e Tommy se integrarão à trama – novamente, falta mais coragem por parte da série de ir além de certas decisões offscreen em nome da fidelidade, mesmo que o fator surpresa certamente cause impacto para quem não jogou os jogos. Mas felizmente somos recompensados com a visceralidade da sequência no armazém e o pavor absoluto que toma conta na cena envolvendo os Serafitas na floresta, um dos pontos altos da temporada até agora e que nos mostra que a introdução desse núcleo lá no terceiro episódio foi pura enganação. A seu modo ou até mais, eles são muito piores que os Lobos, especialmente por conta do elemento do fanatismo religioso evidenciado no próprio título do episódio, e estou ansioso para ver mais deles na trama geral da série.

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Claro que a cena que renderá a maior repercussão é o embate entre Ellie e Nora (Tati Gabrielle), que marca o primeiro passo na concretização da vingança da personagem. Vemos Nora dizer que Joel “teve o que mereceu”, enquanto antes ouvimos de Dina que, independentemente das coisas que ele fez, não merecia o fim que teve. Quem está certa? Evidentemente que Ellie tem sua resposta, e é interessante notar o espelhamento desta cena com a de Abby matando Joel, ainda que a luz vermelha confira um aspecto muito mais sombrio à protagonista, o que combinado à ótima atuação de Ramsey torna toda a sequência ainda mais visceral e brutal.
O corte abrupto para um passado (aparentemente) idealizado de Ellie e Joel já dá a tônica de que o próximo episódio representará uma quebra na trama geral para investigar os motivos da cisão dos dois. Pode ser uma quebra precoce numa temporada que passou rápido demais e tem sido alvo de mais críticas que a primeira – algumas merecidas, outras incabíveis, a meu ver. Seja o que for, Feel Her Love é um passo além na desconstrução e descida ao abismo de Ellie, e se aqui ela deu seu primeiro passo para satisfazer sua vingança, é difícil vislumbrar qual será o último. E ai de Seattle por estar no caminho dela.
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