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Análise | The Last of Us 2x06 (“The Price”): Felicidade e tristeza de mãos dadas

  • Foto do escritor: Filipe Chaves
    Filipe Chaves
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

Penúltimo episódio da temporada é uma devastadora carta de amor à relação de Joel e Ellie.

Divulgação


Na cena inicial temos com Joel adolescente assumindo uma culpa de Tommy para que ele apanhasse no lugar do irmão. Seu pai – feito aqui pelo sempre espetacular Tony Dalton de Better Call Saul – decide não bater em nenhum dos dois e diz a Joel que espera que ele seja um pai melhor. O instinto protetor de Joel já estava aflorado desde muito jovem e isso fez dele um pai melhor, sem dúvida alguma. O relógio que Joel carrega era do seu patriarca, e deve ter sido um lembrete constante de ser o melhor que ele conseguisse.


A relação de Ellie e Joel é a alma da série e acompanhar os cinco anos que não vimos entre a 1ª e a 2ª temporada foi um baita presente para nós fãs, que pegou ainda mais forte depois da morte. O roteiro assinado por Neil Druckmann, Halley Gross e Craig Mazin escolhe fazer isso através dos aniversários de Ellie e ir testemunhando a felicidade e inocência dela em cada excelente surpresa que Joel preparava, é impossível não se emocionar. Ele cantando Future Days no violão – música que ela começou a tocar no episódio anterior e não conseguiu –, o passeio no museu, a cabine dos astronautas… foi tudo tão bonito e genuíno que só ratificou ainda mais a química e o estrondoso talento de Pedro Pascal e Bella Ramsey. Vê-los compartilhando tempos de felicidade e bem mais pacíficos foi um deleite.


Com o passar do tempo, Ellie foi entrando na fase mais rebelde da adolescência e os conflitos começaram a aumentar. Com a dúvida latente a cabeça dela sobre a verdade de Salt Lake City – as mariposas simbolizando a morte já indicavam isso. Eu adorei descobrir finalmente saber o que aconteceu com Eugene – Joe Pantoliano irretocável – e como isso foi o estopim para Ellie entender a verdade que estava na frente dela. É compreensível que ela se sinta traída mais uma vez e aquele “você jurou” foi muito mais por Salt Lake do que por Eugene e a mentira para Gale (Catherine O’Hara). Amarrou muito bem as pontas e deu um motivo plausível para que a terapeuta odiasse Joel. Ao mesmo tempo que era um risco que ele não estava disposto a correr, talvez houvesse tempo para uma despedida entre ela e o marido. Quando Ellie vê Joel mentir – de novo – aquela combustão de sentimentos vem à tona nela.

Divulgação


Nove meses se passaram até a noite de Ano Novo que vimos no 1º episódio da temporada. Imagino quão doloroso esse afastamento foi para ambos durante esse tempo e isso é refletido ali, na varanda, na melhor cena da série, onde toda a angústia deles é explorada. Ellie volta para conversar com Joel e ele confessa tudo e afirma que não se arrepende de nada porque a ama e Ellie diz que não sabe se conseguirá perdoá-lo, mas está disposta a tentar. Ah, se eles tivessem mais tempo, ah se aquela não fosse o último momento deles juntos. O luto é isso, uma junção de “e se” que gente nunca vai ter as respostas. Saber que houve esse ensaio de reconciliação e o quanto eles se amavam, deixa o peso muito maior, principalmente quando Pascal e Ramsey estão completamente imersos naqueles personagens, com toda complexidade e vulnerabilidade que eles têm. Foram espetaculares durante todo o episódio, dos momentos mais felizes a este derradeiro, que amolece até o coração mais duro.


A cena final nos leva de volta à Seattle, com uma Ellie totalmente diferente da que vimos no começo do episódio, coberta pela chuva e pela escuridão, sendo um contraponto direto à inocente menina que apareceu no fim do episódio anterior e em boa parte dele. Ellie toma um caminho que Joel jamais iria querer para ela. Ela nunca teve uma vida fácil e só conheceu o amor parental quando Joel apareceu. Quando ele foi arrancado dela da maneira mais violenta possível, foi o preço que ele pagou por suas ações. Agora Ellie quer que Abby pague pelas dela, mas sabe-se lá se o preço que a própria Ellie também terá que pagar não será alto demais. É ciclo da violência que nunca se encerra e não deixa de ser triste para todos os envolvidos.


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