Crítica | A Diplomata (3ª temporada)
- Filipe Chaves

- 21 de out.
- 3 min de leitura
Com a protagonista de Keri Russell mais vulnerável do que nunca, a série tem seu melhor ano

Foto: Reprodução/Netflix
Começando exatamente de onde o grande gancho da 2ª temporada nos deixou, o excelente primeiro episódio consegue exaltar todos os pontos altos da produção: o ritmo eletrizante, os diálogos rápidos, o humor, o elenco em perfeita sintonia e mais um gancho de cair o queixo que dita o tom da temporada e coloca o futuro do casamento de Kate (Keri Russell) e Hal (Rufus Sewell) em jogo – além de uma reunião de The West Wing com a chegada de Bradley Whitford. Grace Penn (Allison Janney) agora é a presidente dos Estados Unidos e foi ela quem orquestrou o ataque que deu início à série. Kate e Hal são das poucas pessoas no mundo que sabem disso, então as principais tramas da temporada são os desdobramentos deste segredo e como isso afeta a nossa protagonista, dando espaço para seu crescimento pessoal e para a série amadurecer.
Keri Russell é uma das minhas atrizes favoritas e eu sou completamente apaixonado pelo talento dela. Seja em Felicity ou The Americans, aqui ela faz algo totalemente diferente, mesmo sem mudanças físicas. A parceria que dela com Rufus Sewell na demonstração dessa relação tão complexa entre os dois, é uma das mais interessantes da TV atual. Com os novos desafios, ambos conseguem se sobressair expondo suas vulnerabilidades, dando camadas mais humanas aos personagens que ainda não tínhamos visto na série. O segundo episódio possui flashbacks do começo do relacionamento que fazem paralelo com a atual situação do casal, que nunca esteve tão fragilizado dada uma certa reviravolta. A química e o amor estão ali, mas o profissional e pessoal andam de mãos dadas aqui e isso nem sempre é uma coisa boa. Para eles, porque para nós que assistimos, ganhamos entretenimento de qualidade.

Foto: Reprodução/Netflix
É um verdadeiro deleite vê-los atuarem e quando se juntam a ninguém menos que Allison Janney e Bradley Whitford – vulgo CJ Cregg e Josh Lyman de The West Wing – tudo se eleva. Whitford é Todd, marido de Grace, e se identifica com Kate por ambos estarem se sentindo um pouco deslocados. O sexto episódio, que é focado nesta dinâmica de poder (ou falta de), é fantástico. Parece um bolo e a cada fatia, uma nova camada era revelada. Os diálogos são afiadissimos e quando os quatro estão em cena, é impossível não querer ver mais e mais. Felizmente, tanto Whitford quando Janney já estão confirmados como parte do elenco fixo para a 4ª temporada. E claro, os coadjuvantes anteriores não ficam de lado e Eidra (Ali Ahn), Billie (Nana Mensah), Throwbridge (Rory Kinnear), Stuart (Ato Essandoh) e Dennison (David Gyasi) também têm seu momento de brilhar, mesmo que alguns tenham menos destaque.
A trama política é intrínseca aos dramas pessoais, afinal estas pessoas públicas respiram trabalho. Ainda lidando com as consequências dos atos escondidos e suas novas ramificações, as coisas vão se tornando uma bola de neve. Debora Cahn é uma ótima roteirista e ela consegue o seu melhor equilíbrio nesta temporada, que felizmente voltou a ter oito episódios, já que a 2ª teve apenas seis e foi um tanto apressada. Os enredos se desenvolvem com mais fluidez e a gente sabe o que está acontecendo sem que um núcleo atropele o outro, ainda que as rápidas viradas na narrativa sejam uma forte característica. Outro ponto que às vezes me incomodava e agora foi consertado, era o humor. Em alguns casos, partiu quase para o pastelão e destoava do tom do resto. Aqui ganha mais sutileza e nuance, sem perder a identidade. Aquelas piadas com a busca pela Bíblia ideal no primeiro episódio não me deixam mentir e eu gargalhei alto. Cahn conseguiu atingir com maestria quase todos os pontos que quis, dosando o entretenimento das intrigas políticas com algo mais complexo dramaticamente e mostrando o porquê A Diplomata é uma das melhores séries da atualidade, o que nos leva a outro gancho que resume bem esta dualidade. Agora é aguardar pela 4ª temporada e torcer para que a qualidade se mantenha. Potencial não falta.
Nota: 4,5/5





