top of page
Background.png
capa-cabeçalho-site.png

Crítica | Inexplicável

Foto do escritor: Ávila OliveiraÁvila Oliveira

Filme abusa do artificial para não perder o tom emocional da história real

Foto: Divulgação


Baseado em fatos reais, Inexplicável conta a história de um menino de 8 anos apaixonado por futebol que é diagnosticado com uma doença gravíssima, e de sua família que vai precisar de força e fé para encarar as complicações da doença.


Criou-se um preconceito, justificável, com filmes neocristãos que são feitos para grupos de igrejas, com mensagens rápidas e rasas, milagres surpreendentes e trabalhados em cima de muitas dicotomias, onde o certo é o certo (quem tem fé no Cristo branco de olhos azuis) e o errado é todo o resto que se não se converter vai amargar pela vida eterna no calor do inferno. Quando se é baseado em história real então aí é que não há espaço para qualquer refutação em contestar a qualidade daquela produção, porque para o seu público fiel você pode estar blasfemando contra uma grandíssima obra de evangelização. Então acabou que esses filmes ficaram retidos para o seu público que sabe exatamente o que quer assistir e encontra neles o bingo completo, e o público de fora do nicho passou a ignorar a completa existência do subgênero.

Foto: Divulgação


Pois bem, Inexplicável tem plena consciência que é um desses longas descritos acima, mas faz tudo o que pode para evitar preencher alguns dos pré-requisitos, por várias vezes consegue, mas em outras não há muito o que ser feito. Primeiro de tudo, este é um filme com um rigor técnico de filmagem bem competente em certos elementos: a montagem é esperta, boa iluminação, enquadramentos inteligentes e som bem decupado. Mas todo o restante abusa do exagero e do artificial para induzir,  intensificar e por vezes até mesmo forçar emoções que fluíram naturalmente se tivessem espaço para acontecer sem tanta pressão. O maior exemplo disso é a trilha sonora que não deixa o espectador em paz por um minuto sequer, é uma composição dramática literalmente sobrepondo a outra a fim de não deixar o quem está assistindo pensar, só sentir – bem típico de determinadas igrejas e movimentos cristãos.


E tudo no texto parece demandar essa intensidade, mas acaba se distanciando da proposta de uma história real e criando cenários engessados, com falas quadradas e pré-moldadas que mesmo as boas atuações não conseguem fugir de soarem repetidas e sem personalidade. Letícia Spiller e Eriberto Leão cumprem com louvor seus papéis de um casal que se balança entre a esperança e falta de fé para tomar as decisões necessárias numa situação delicada. E o roteiro até tenta levantar uns debates éticos e filosóficos sobre os temas, que poderiam ser intensificados com bons diálogos e cenas mais sóbrias, mas isso se perder em meio a vontade desesperadora de fazer o espectador chorar através de frases clichês, muitas lágrimas e muito desespero. Fica aqui o destaque para o menino Miguel Venerabile que apresenta um bom desempenho e um trabalho de corpo melhor que muito ator com uma carreira mais velha que ele.


Enfim, Inexplicável é um filme selado e muito bem endereçado, se por acaso chegar em outro destino certamente parecerá mais um genérico, o que não anula os benefícios da narrativa, mas também não se impõe com qualquer traço de originalidade.


Nota: 2,5/5


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page