Entrevista | Gabriel Martins fala sobre “O Natal dos Silva” e o poder das pequenas revoluções familiares
- Gabriella Ferreira

- 27 de nov.
- 14 min de leitura
A primeira série da Filmes de Plástico estreia seu primeiro episódio no Canal Brasil em 27 de novembro, explorando luto, afeto e humor ácido em meio às tradições natalinas brasileiras.

Rodada em Belo Horizonte e criada por Gabriel Martins, O Natal dos Silva acompanha uma família negra em seu primeiro Natal após a perda da matriarca. Dividida em cinco episódios exibidos semanalmente no Canal Brasil (e disponibilizada no dia seguinte no Globoplay), a série mistura comédia, memória afetiva e conflitos cotidianos, apostando em uma estética plural em que cada capítulo assume tom e linguagem próprios. É uma produção que ressignifica símbolos natalinos, revisita dinâmicas familiares e enxerga beleza até nos momentos mais duros, com um elenco inteiramente mineiro que reúne profissionais do cinema, do teatro, da música e atores não profissionais.
Nesta entrevista ao Oxente Pipoca, Gabriel Martins comenta as inspirações por trás da série, os símbolos que decidiu recriar, o desejo de lançar episódios semanalmente e o desafio de equilibrar humor ácido com um luto tão recente. Ele também fala sobre a trajetória da Filmes de Plástico, sobre como construir obras que dialogam com o público sem abrir mão da identidade do grupo e antecipa o que vem por aí para quem acompanha o trabalho da produtora. Confira a conversa completa abaixo.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Primeiro de tudo, eu assisti ao primeiro episódio da série e, nossa, adorei. Eu até comentei que não esperava rir tanto, porque achei que seria algo mais dramático, mais carregado de emoção. Mas me surpreendi rindo horrores logo no primeiro capítulo.
Queria começar entendendo como surgiu essa ideia de fazer uma série ambientada justamente no Natal, uma data tão significativa para o povo brasileiro. O Natal é algo que une todas as tribos, todos os tipos de família. De onde veio essa inspiração e como foi desenvolver esse conceito dentro da série?
Gabriel Martins: Que massa. É um prazerão estar falando com você. A minha família, como várias famílias brasileiras, principalmente por parte do meu pai, é uma família grande, uma família de nove irmãos. Alguns deles, inclusive, já até faleceram, e isso está de alguma forma presente na série. Mas, acima de tudo, é uma família que sempre comemorou muito o Natal. O Natal sempre foi muito importante para a minha família.
A gente sempre teve essa coisa do amigo oculto tradicional, da ceia, daqueles rituais meio indefinidos que todo mundo segue. E isso sempre me inspirou muito, sempre virou uma referência porque já estava lá, fazia parte da minha vida e da minha família. Além disso, minha família já teve alguns Natais com pequenos conflitos. Teve um Natal particularmente em que um conflito maior acabou estourando, mas, na maior parte do tempo, minha família não é muito conflituosa, embora existam várias questões ali debaixo dos panos. E eu queria muito escrever uma série sobre isso, sobre o Natal como um grande momento de confraternização e afeto, mas também de melancolia.
A origem da série também vem muito da ideia das fotos de família. Para mim, sempre ficou essa pergunta: o que existe por trás das fotos de eventos? Quando a gente vê uma foto de Natal com uma família de vinte, vinte e cinco pessoas, a imagem registra alegria, mas sempre tem algo por trás. É alguém que estava sem grana, alguém que não se dava bem com outro, e está lá na foto mesmo assim. Isso acaba sendo o norte da série. O Natal dos Silva é uma série sobre eventos, sendo que a primeira temporada é o Natal, e as outras temporadas vão ser sobre outros eventos da família Silva. E essa ideia das fotos sempre foi um grande motivador para mim, pensar em qual história existe por trás de uma imagem que fica registrada. São esses elementos: o Natal como algo muito próximo de mim, as fotos de família e tudo que surge a partir disso.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Como eu comentei, eu achei muito curioso o humor da série. É aquele humor bem ácido logo no primeiro episódio, mas ao mesmo tempo tem esse sentimento de nostalgia, de luto, de estar vivendo o primeiro Natal sem aquela pessoa que era meio que a cola de todo mundo.
E eu queria saber como foi para você balancear essas duas coisas, tanto no roteiro quanto no contexto geral da série. Como foi encontrar esse ponto em que a comédia funciona, diverte, faz a gente rir, mas também faz pensar e lembrar da própria família?
Gabriel Martins: Eu acho que isso está bem no DNA do Brasil de alguma forma. A gente é um país em que a tristeza e a alegria se confundem o tempo todo, principalmente quando existe muito conflito. Então esse tom veio muito naturalmente. Aquele clássico “rir para não chorar” faz muito sentido, especialmente dentro do contexto da família Silva.
Quando eu escrevo essa série, eu penso nas circunstâncias daquela família e também nos atores que vão interpretá-la, porque muitos deles têm um dom muito forte para a comédia. Esse humor também funciona como um disfarce para alguns personagens. As brigas, por exemplo, trazem um certo constrangimento que acaba ficando engraçado. No final do primeiro episódio, quando as personagens começam a gritar uma com a outra, a gente ri um pouco de nervoso. Isso até está no trailer e é exatamente o que acontece às vezes.
Ao mesmo tempo, eu gosto muito dessa camada de sutileza, dessas linhas muito finas costurando as tensões, muitas vezes colocadas nos silêncios. É realmente uma montanha-russa de emoções, e acho que esse primeiro episódio mostra bem isso. Ele tem vários volumes: começa com uma conversa tranquila entre um casal no quarto, depois chega num volume muito alto com a Bel, que é intensa praticamente o tempo todo, e depois volta para uma conversa no banheiro, mais íntima, para então explodir de novo. Essa oscilação é uma característica da família Silva.
A família Silva tem pessoas que ocupam lugares muito diferentes. Tem os que têm o volume alto, os que têm o volume baixo, e isso acaba gerando conflitos, porque às vezes eles não sabem lidar uns com os outros justamente por causa dessas diferenças. Então essa variação de gêneros, de temas e de humores está no DNA dessa família diversa. Se todo mundo fosse igual, ninguém ia aguentar.
Então esse equilíbrio, ainda que sempre meio desequilibrado, vem dessa multiplicidade. Não tinha como registrar essa família de outra forma.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Outra coisa que eu achei bem bacana foi isso que você comentou na primeira resposta, sobre pensar a série como algo quase analógico, que acompanha vários momentos da família ao longo do tempo. Eu queria saber se você pode falar um pouquinho mais sobre essa ideia.
E aí aproveitando, queria perguntar uma coisa. Eu não sei como é em Minas, se vocês comemoram muito Festa Junina, mas aqui em Aracaju é uma tradição enorme, é praticamente a data mais importante do ano. Então fiquei pensando: será que podemos sonhar com uma temporada de São João?
Gabriel Martins: Seria uma grande ideia, porque aqui em Minas também é muito forte. O momento da Festa Junina toma a cidade inteira. A minha família sempre comemorou muito, eu participo bastante. As festas juninas seriam realmente uma boa ideia, que eu ainda não tinha pensado exatamente, apesar de já ter flertado um pouco com isso.
Eu não vou falar exatamente para onde a série vai, porque a segunda temporada já está escrita. Ela já existe enquanto texto, e agora estamos esperando os resultados da primeira temporada para ver se vai rolar mesmo ou não. Vamos torcer, pelo menos eu estou torcendo para que aconteça. Mas está bem evidente qual é a segunda temporada pelo final da série. Quando você assistir, você vai entender. Está tudo escrito lá, fica muito claro o que vai ser. Então nem preciso dizer, quando vocês assistirem já vão sacar de cara.
Mas eu acho que sim, cabe muita coisa. No início eu até pensei se seria só sobre os Natais, mas comecei a achar que seria mais interessante explorar outros momentos da família Silva. O Natal dos Silva é o nome da primeira temporada, mas o “Silva” em si virou essa ideia maior da série. É como se cada temporada fosse sempre algo “dos Silva”. A série não tem necessariamente um único título fixo, porque sempre vai acompanhar esse núcleo em diferentes situações.
Eu já tenho várias ideias do que pode ser esse futuro, e principalmente do que esses futuros criam de gatilhos. Cada evento desperta uma sensação diferente, um tipo de conflito, um clima específico. Mas uma coisa que eu posso dizer sobre o futuro é que existe esse desejo de que cada temporada encapsule um evento da família dentro de um período fechado. Pode ser um único dia, ou dois dias, ou o tempo que aquele evento durar.
Acho que isso cria até um certo pacto com o espectador, uma expectativa divertida. Algo como: agora vamos ver essa família numa festa junina. Ou num casamento. Ou num velório. Ou num aniversário. Ou na Páscoa. Ou na formatura de alguém. Enfim, existem muitos eventos possíveis, e cada um deles cria possibilidades totalmente novas para essa família.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Além disso, eu queria fazer um comentário sobre algo que eu achei muito legal. A gente está muito nessa vibe de maratonar, de receber uma série inteira de uma vez, cinco episódios, assistir tudo e pronto, deixar para lá. E quando eu vi que a série seria lançada de forma seriada, semanal, isso me encantou. Eu pensei: nossa, está tão difícil ver uma série sendo lançada assim, no seu tempo, episódio por episódio, para a gente digerir o que assistiu, conversar com outras pessoas que também estão acompanhando.
Eu acho isso muito legal, e queria saber se você também tem essa impressão. Foi algo que vocês planejaram desde o início ou acabou surgindo no processo?
Gabriel Martins: Com certeza era o meu desejo, um desejo pessoal mesmo, que felizmente a gente conseguiu fazer com o Canal Brasil, porque o Canal Brasil tem essa natureza do ao vivo. Não é um lançamento direto para streaming. É um lançamento que, embora no dia seguinte os episódios já estejam disponíveis, tem esse lugar de parar no canal e assistir no horário, e eu acho isso muito legal. Principalmente por estar relacionado com o Natal, porque acho que vai ser possível vivenciar a série ao longo desse tempo em que as cidades e as pessoas estão vivendo o Natal, inclusive terminando no próprio dia 25. Isso era um desejo muito forte.
Por um tempo a gente até pensou: será que começamos a passar só no Natal? Mas acho que ficou tão massa acompanhar desse jeito. Ontem mesmo eu estava montando a árvore de Natal da minha casa com a minha filha. A cidade começa a se transformar, e junto com isso a gente vai experimentando a série.
E eu acho massa que, quando um streaming lança tudo de uma vez, as pessoas acabam experimentando de uma forma meio dessincronizada. E o capítulo por semana favorece essa vivência mais coletiva. Está todo mundo ali vendo no dia, ou pelo menos tem a possibilidade de ver no dia. Mesmo quem não vê na hora, sabe que é aquele episódio. Então, durante a semana, todo mundo conversa sobre aquele capítulo. Não é alguém que já viu cinco e outro que viu só dois. Todo mundo viu aquele um e precisa esperar do mesmo jeito para ver o dois.
Isso gerou várias séries muito legais, como Game of Thrones e outras que foram assim. Essa expectativa de “tá chegando o dia”, “o que vai acontecer”, cria uma coisa que hoje em dia, com tanto conteúdo, é difícil de encontrar. Então acho legal valorizar a individualidade de cada episódio também.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Agora eu queria te perguntar se teve algum filme ou série de Natal que te influenciou ou até te desinfluenciou. Algo que você tenha assistido e pensado: “Não, isso aqui eu não quero fazer na minha série.” Teve alguma referência específica, seja positiva ou negativa?
Gabriel Martins: Eu acho que tem algumas coisas que reverberam aqui que não são necessariamente de Natal. Tem até um filme que eu fui rever depois que a série já estava pronta, que é Crooklyn, do Spike Lee. É um filme muito sobre família, e quando eu estava assistindo pensei: nossa, talvez eu tenha projetado isso inconscientemente, porque eu não estava pensando nesse filme enquanto escrevia, mas faz todo sentido. É uma família com vários irmãos, crianças, conflitos… tem uma ligação ali com a série.
Mas não teve uma série especificamente que tenha definido essa coisa da briga ou a forma como os personagens entram em conflito. Cinematograficamente, eu tinha um pouco algumas referências do John Cassavetes, especialmente no episódio 1 e no episódio 5, com uma câmera mais livre. Um filme dele, Faces, acabou sendo uma referência meio intuitiva.
E, para mim, todo o universo de Esqueceram de Mim tem uma atmosfera que, embora não esteja diretamente na série, conversa um pouco. A família do Kevin também é enorme, e mesmo que o filme depois foque mais nele sozinho, sempre existe aquele começo com todo mundo em conflito, aquela bagunça. Isso sempre ficou comigo. E acho que tem um certo espírito ali que é muito evocado pela trilha do John Williams.
A trilha de Esqueceram de Mim sempre me trouxe um sentimento muito específico, e eu tentei passar isso para o Daniel Silvio Antunes, que compôs a trilha original de O Natal do Silva. E eu acho maravilhosa, porque é um abrasileiramento desses elementos americanos. Ele achou isso no chorinho, na sanfona, em alguns instrumentos… uma maneira brasileira de falar sobre o Natal.
E teve também as trilhas do desenho do Charlie Brown. Os episódios de Natal sempre me marcaram muito, com aquela coisa bonita e melancólica ao mesmo tempo. Então essas músicas me influenciaram até mais do que filmes ou séries em si.

Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Uma coisa que eu queria falar com você também é sobre a Filmes de Plástico. Porque ela se tornou um polo mesmo de cinema, de mostrar atores e de nos fazer conhecer outros atores, divulgar o cinema mineiro de uma forma geral. Eu queria saber, para você especificamente, como é lidar um pouco com essa responsabilidade.
Porque eu ainda estou um pouco no meio do cinema e vejo que vocês acabam sendo uma grande influência para o pessoal que está na faculdade e tudo mais. Vocês são uma produtora que está fora do eixo Rio–São Paulo e que está conseguindo levar essas histórias para muita gente.
Gabriel Martins: Eu me sinto muito grato, na verdade, porque eu acho que não é sempre que as pessoas se identificam com o trabalho de uma produtora. No Brasil isso não é tão comum, às vezes as pessoas veem certos filmes, mas não conseguem dizer muito: “Ah, eu sou fã dos filmes da...”. Então, acho que o fato de as pessoas localizarem isso na nossa produtora, que é basicamente formada por três diretores, com três visões diferentes, embora se interseccionem em muitos aspectos, e verem a nossa voz como uma voz parecida, como uma ideia de cinema da qual elas gostam, eu não vejo nem como um senso de responsabilidade, mas como um senso de gratidão. E isso me motiva a fazer obras cada vez melhores, querendo manter essa conexão com as pessoas. Mas eu não vejo como um fardo, eu vejo como uma vontade de comunicação, inclusive de desafiar. De pensar: “Ah, quem gosta do nosso trabalho... então acho que vou fazer isso aqui, porque isso aqui é importante para mim”.
A gente não faz necessariamente baseado em uma métrica do público, a gente faz coisas que a gente realmente gosta, porque a gente gosta de fazer desse jeito. Só que, entendendo que as nossas obras vão chegando às pessoas, eu também fico com esse desejo de desafiar o público. Eu acho que O Natal dos Silva é uma série surpreendente; quem começa a assistir não tem muita noção de onde vai dar. É uma boa ilusão: você assiste um pouco e pensa que vai ser de um certo tom, e esse tom muda, varia, surgem várias outras relações. Eu acho isso importante. Eu gosto que as pessoas que já conhecem o nosso trabalho possam ver uma coisa nova e se surpreender, não sentirem que estão vendo “a mesma coisa”, que é tudo igual. A cada filme e agora série tem uma camada diferente, outro tom, e até o mesmo elenco está fazendo personagens completamente diferentes. Isso eu acho muito legal e também um gesto de respeito ao desejo que as pessoas têm de dar atenção ao nosso trabalho. Da nossa parte, eu quero retribuir esse respeito na forma de boas imagens, bons filmes, filmes desafiadores, coisas que possam ser diferentes, outros tons. Acho que a gente tem tentado fazer isso.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Como a gente tinha falado até sobre o Natal, que é uma data que carrega muitos símbolos aqui no Brasil, eu queria saber se teve algum símbolo natalino específico que você quis ressignificar, tanto para você quanto, sei lá, para quem vai assistir.
Gabriel Martins: Acho que, na série, uma coisa que tá colocada desde o primeiro episódio e que eu acho bem legal é o fato de a árvore de Natal não ser uma árvore de Natal, um pinheiro artificial, mas um pé de manga da família. Isso é um elemento ficcional que eu construí, não é algo que tirei de uma experiência real, embora eu já tenha morado em casas com pés de manga, inclusive uma casa do meu avô tinha um pé de manga. E quando a gente encontrou essa casa como locação, felizmente ela tinha esse pé de manga com uma estrutura que imediatamente me trouxe essa ideia: “Por que a gente não faz desse pé de manga a árvore de Natal da família?” Porque seria algo completamente original, um gesto que já diz muito sobre o que a série é.
Além disso, acho que responde aos personagens, ao fardo dessa casa, ao que essa casa representa, à ausência dessa mãe… é literalmente uma árvore genealógica. E o fato de todo mundo já chegar e automaticamente colocar os presentes ali remete a outros Natais também. Então, pra mim, esse é um elemento muito especial da série, talvez uma das minhas coisas favoritas: esse pé de manga que reflete tantas coisas que a série está dizendo, mesmo nas entrelinhas, e que torna muito bonita essa ideia desses quintais brasileiros ressignificados e das memórias que eles carregam.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): Você já falou um pouco do Natal do Silva, né, que talvez renda mais antologias e que a gente ainda vai ver mais dessa família. Mas eu também queria saber o que a gente pode esperar da Filmes de Plástico nos próximos anos. O que é que os fãs podem receber aí?
Gabriel Martins: Eu acho que o que eu posso adiantar é que agora a gente tá lançando essa série, né? Os cinco episódios chegam entre novembro e dezembro. E no ano que vem a gente pretende lançar dois novos longas: o novo filme do André Novais Oliveira, que se chama Se Eu Fosse Vivo Vivia, e o meu novo longa, Vicentina Pede Desculpas.
Então já tem esses dois projetos pra sair, que estão basicamente ali saindo do forno, e são filmes muito especiais pra gente. A gente fica muito feliz de finalmente poder colocar no mundo e, claro, de poder falar sobre eles com vocês no futuro.
E além desses dois, tem outros projetos que a gente deve começar a filmar em breve, mas aí ainda não posso comentar muito. Por agora, o que dá pra dizer é isso: temos dois longas chegando e que estão muito no nosso coração.
Gabriella Ferreira (Oxente Pipoca): E aqui no Oxente eu sempre peço para todo mundo que entrevisto uma dica de filme ou série brasileiro. Pode ser um favorito seu, algo que você ache que vale a pena mencionar para os nossos seguidores, mas não pode ser o que a gente tá conversando agora. Algo que você sinta no momento que precisa indicar, que as pessoas realmente deveriam assistir.
Gabriel Martins: Acho que eu vou falar de um filme que estreou este ano, mas não sei se o grande público realmente entrou em contato com ele, que é o filme brasileiro chamado Oeste Outra Vez. É um filme dirigido pelo Érico Rassi, que eu acho que é um filme muito importante, muito bem dirigido, realmente único, e acabou se tornando um dos meus favoritos. Eu inclusive botei na minha lista de filmes favoritos do século, nas listas do Globo que eu participei. Então, recomendo muito.
E acho que, para um público geral, eu vou falar da cinematografia de uma pessoa que, embora seja até conhecida, talvez o grande público não tenha mergulhado tanto, que é a obra do Eduardo Coutinho. O Coutinho tem filmes incríveis, é um documentarista brasileiro, mas também fez projetos experimentais. Eu gosto muito de Jogo de Cena e de Cabra Marcado para Morrer. No meio do cinema todo mundo conhece o Eduardo Coutinho, mas talvez quem está escutando o seu canal, pessoas que estão começando no cinema agora, não tenham ainda se aprofundado.
Ele é um dos diretores que mais me influenciaram, apesar de ter projetos mais diretamente documentais. É um dos cineastas que eu mais cito como referência do cinema brasileiro, pela maneira como ele conseguia extrair coisas muito bonitas de pessoas reais, do mundo real, que é o tipo de personagem que eu trago nos meus projetos. Então eu colocaria o Coutinho como uma dica para as pessoas pesquisarem mais sobre os trabalhos dele, porque tenho certeza de que vai valer muito a pena.





