Crítica | Chad Powers: O Quarterback (1ª temporada)
- Filipe Chaves

- 31 de out.
- 3 min de leitura
Glen Powell tem bastante talento e carisma, mas não o suficiente para salvar uma série tão limitada

Gosto muito de Powell, adoro futebol americano e histórias de superação esportiva, então fui conferir Chad Powers com o coração aberto e a melhor das expectativas, mas a decepção já aconteceu nos primeiros episódios. Oito anos após Russ Holiday (Powell), um astro do futebol americano universitário, cometer um erro imperdoável, ele se disfarça de Chad Powers, um esquisitão, porém talentoso jogador, que consegue entrar para os Catfish, um time de uma faculdade da Geórgia do Sul. Com a ajuda de Danny (Frankie A. Rodriguez), ele se esforça para manter essa vida dupla. A premissa não é lá muito inovadora e a série quer claramente beber da influência de Ted Lasso e Friday Night Lights, mas é uma pena que seja tão rasa em tentar construir uma identidade para si.
Russ é um babaca e Chad é um poço de gentileza. De início, o roteiro já pretende fazer essa delimitação sem muita nuance. Chad é bom e Russ é mau. Ninguém gosta de Russ, mas todo mundo adora Chad, que vai conquistando a confiança do treinador Jake (Steve Zahn) e da sub treinadora Ricky (Perry Mattfelfd). Além de Danny, é com eles que a série se preocupa em construir alguma conexão. O resto do time fica à deriva e mesmo que o texto nos diga que há uma importância, não consegue mostrar. A trama em si, nunca é sobre a paixão pelo futebol, mas sim sobre a mentira de Russ e praticamente todo episódio gira em torno do “quem sou eu?”, e onde isso vai dar é exatamente onde se espera.
Powell consegue transitar bem entre o timing cômico e os conflitos dramáticos internos de Russ/Chad, interpretando, obviamente, duas personalidades bem diferentes. Ele merece todos os elogios, porque é quem mais tenta dar vida a um texto tão superficial. Tem uma boa química com Mattfeld, já que o protagonista tem uma quedinha por Perry. As dinâmicas com Jake - Steve Zahn sempre ótimo - e com Danny são bacanas de se acompanhar, mas por mais que passemos tempo com eles, tudo é subdesenvolvido e ao invés de avançar, se torna repetitivo. Usar todos os clichês possíveis, não é o problema, porém não ir além deles, é o que impede a série de se sobressair.

Criada pelo próprio Powell e por Michael Waldron, eu tinha confiança em um trabalho melhor por conta de Powell ser co-roteirista (com Richard Linklater) de Assassino por Acaso, um dos meus filmes favoritos dos últimos anos e que também aborda disfarces, dualidade, personalidade e etc. Aqui, ele só escreveu o primeiro dos seis episódios e se começa somente simpática, não há evolução no que vem depois. É uma tortura de se assistir? Não. De vez em quando alguma piada funcionava e eu esboçava um riso, o fato de ter meia hora de duração também, definitivamente ajudou. No final, quando Russ tem sua previsível percepção de que ele pode ser uma boa pessoa igual Chad – até porque ele é Chad, dã –, o roteiro tenta ter alguma profundidade, mas é tudo tão óbvio que não consegue gerar qualquer comoção. O que mostra exatamente o calcanhar de Aquiles da série: é assistível, mas superficial demais para não ser esquecível. Pelo gancho deixado, há um desejo para que exista uma 2ª temporada. Ela é necessária? A 1ª mal conseguiu dizer a que veio, então uma eventual 2ª não me deixa animado.
Nota: 2,5/5





