Crítica | Mentirosos (Minissérie)
- Gabriella Ferreira
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Adaptação de livro sucesso no mundinho teen mostra como é possível reinventar bons clichês

Lançado originalmente em 2014, o livro de ficção juvenil Mentirosos, de E. Lockhart, figurou por muitos anos como um dos mais vendidos e mais comentados entre a bolha de adolescentes leitores. O seu estilo de narração misturado ao talento da autora em conduzir a trama juntos a um plot twist de impressionar até os mais atentos fez com que o livro se tornasse quase uma leitura obrigatória para a geração em questão.
Agora, 11 anos depois, a adaptação em formato de minissérie da obra chega ao Prime Vídeo com a proposta de agradar os leitores fieis e de apresentar a história para um novo público, cada vez mais condicionado a tramas rápidas e cenas feitas para viralizarem no Tik Tok. Voltando a falar do conteúdo, Mentirosos conta a história da família Sinclair, que tem a tradição de passar as férias de verão em uma ilha privada no condado de Martha's Vineyard .
A nossa protagonista é a jovem Cadence Sinclair (Emily Alyn Lind), que ama passar os meses ensolarados ao lado de passar os meses ensolarados ao lado de Johnny e Mirren, seus primos e de Gat, sobrinho do namorado da tia, o seu círculo próximo que recebeu o apelido de Mentirosos. Só que a vida de Cadence muda drasticamente quando ela acorda de um grave acidente. Sem qualquer memória do ano anterior, ela retorna para casa de praia em busca de respostas sobre o que realmente aconteceu, já que nenhum membro da família está disposto a revelar a verdade.
Intercalando a narrativa entre o verão do acidente e do pós-acidente, Mentirosos às vezes tropeça no excesso de voz off e de recursos que não funcionam tão bem nas telas como nos livros. Mesmo inserindo bem e deixando claro as diferenças entre as linhas temporais, a minissérie falha quando parece não saber se decidir entre a narração e visão em primeira pessoa da protagonista ou de expandir o material e as relações entre os seus personagens.

Uma coisa que Mentirosos acertou bem é o elenco (tanto os jovens, quanto os adultos). E devo dizer que me interessei bem mais pela rinha das irmãs ricas e dramáticas dos protagonistas do que do quarteto formado por Cadence, Johnny, Mirren e Gat. Não sei se isso foi fruto das atuações no ponto de Mamie Gummer, Caitlin Fitzgerald e Candice King como Carrie, Penny e Bess ou se foi por conta da trama familiar e seus percalços. Mesmo que seja menos interessante, o arco dos mais jovens ainda prende e causa uma certa angústia (especialmente se você já sabe o destino da história).
Como eu já havia lido o livro, o grande plot twist de Mentirosos não me surpreendeu, mas ainda me fez sentir os mesmos sentimentos que tive há tantos anos atrás. Na verdade, acredito que toda parte final da minissérie é mais superior em concluir a trama e mesmo que seja um plot twist consideravelmente clichê ainda vai deixar muita gente de queixo caído e pensando: “como eu não percebi isso antes?”
Dividida em oito episódios, Mentirosos é quase como uma fábula sobre os males do capitalismo e da riqueza em excesso mascarada como uma história adolescente com uma pitada de crítica social. Às vezes funciona bem, às vezes não. Mas ainda vale a pena assisti-la e entreter-se com tramas minimamente originais, de certo modo.
Nota: 3.5/5