Crítica | Adultos (1ª temporada)
- Filipe Chaves
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
Contemporânea e diversa, nova série de comédia do FX sabe usar isso a seu favor de forma hilária.

Divulgação
A premissa é simples e você já viu/ouviu/leu milhares de vezes: cinco amigos de vinte e poucos anos morando juntos em Nova York. Seinfeld, Friends, Living Single, How I Met Your Mother e eu poderia passar horas citando casos de sucesso e até alguns fracassos, mas vou focar em Adultos, porque para ter sucesso tem que ter identidade própria e felizmente é o caso aqui, como é notório desde a fantástica primeira cena. Samir (Malik Elassal) vive com Issa (Amita Rao), Billie (Lucy Freyer) e Anton (Owen Thiele) na casa onde cresceu no Queens e logo menos Paul Baker (Jack Innanen), namorado de Issa, se junta ao grupo na residência. O quinteto é um poço de carisma, e por mais que tentem ser corretos, têm sempre as piores ideias de como ser um adulto funcional, mas pelo menos estão sempre lá para apoiar uns aos outros.
Eu já estava bem ansioso para conferir a série desde que ela foi anunciada por adorar esta premissa que já quase um “subgênero” da comédia e a produção conseguiu me surpreender. É escrachada sem pedir desculpas por isso, doa a quem doer e o texto é uma metralhadora de piadas cheias de referências, em que, algumas vezes, eu tive que voltar para não perder nada. É um humor satírico e muito afiado do que é ser um jovem de vinte e poucos na sociedade atual, com toda a tecnologia a nossa disposição e ao mesmo tempo aborda algumas situações que são universais de qualquer época e como os personagens não sabem lidar com aquilo, seja com hospitais ou tentar dar um jantar em casa, por exemplo. O que não me agrada tanto, também devo dizer, é que em determinadas cenas, o roteiro parece emburrecer os personagens. Claro que a meta é que seja uma piada, mas comigo não funciona e soa desnecessário no desenvolvimento individual deles. É uma coisa mínima e que não faz tanta diferença no panorama geral, mas nas vezes que aconteceu, me incomodou. Ainda bem que logo em seguida outra piada já surgia e eu estava gargalhando de novo.

Divulgação
Falando nos personagens, temos cinco protagonistas que dividem uma química gigantesca – o que é essencial em séries assim. Todos têm personalidades bem definidas, mas não caem puramente em estereótipos, ainda que não fujam totalmente deles. O elenco é diverso e talentoso e todos têm suas chances de brilhar, principalmente no timing cômico, com a diversidade de gênero, orientação sexual ou raça se fazendo presente, mas desde sempre inseridas organicamente, como é o mundo em que vivemos. Tenho que destacar a excelente Amita Rao na pele da deliciosamente egocêntrica Issa, que é engajada em diversas causas sociais e jura que isso a faz ser uma boa pessoa, como se ela não o fizesse apenas para satisfazer o próprio ego. É tanto absurdo que sai da boca dela, mas a minha risada era certa. A noção passa longe, mas de todos eles, por mais que as intenções sejam decentes, eles definitivamente não são as melhores pessoas. Mas também não são as piores e a série sabe trabalhar isso no laço de amizade que os une e em como realmente são uma família disfuncional. A intriga entre o grupo talvez fique para a próxima temporada com um possível triângulo amoroso que foi sendo muito bem construído debaixo do nosso nariz, que é inclusive o gancho do último episódio – porém, sem spoilers por aqui.
Um outro ponto que muito me agradou é que realmente é uma série episódica. Onde há um desenvolvimento do todo, mas cada episódio tem sua história central com começo, meio e fim. Temos o episódio do esfaqueador à solta, que é o terceiro e é um dos melhores do ano. São 20 minutos de chorar de rir em que o roteiro brinca com o exagero, mas que não deixa de ser plausível. Como boa parte desta temporada inaugural, que também ganha destaque no sexto episódio, que tem participação de Charlie Cox, onde há uma festa de jantar – ou tentativa pelo menos. São oito episódios e passam voando com os amigos navegando por diversos causos da vida adulta e sem ter a menor ideia de se encarregar deles, o que não deixa de ser identificável para qualquer um. E por mais que eles passem dos limites no humor, a primeira cena do piloto já te deixa esperto e você não segue desavisado, porque a sequência seguinte já dá uma quebra de expectativa e dita o tom que se seguirá adiante. A 2ª temporada ainda não foi confirmada, mas espero não ficar muito tempo sem esta galera porque ainda há muito para se ver e viver ali.
Nota: 4/5